São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Heróis

EDUARDO OHATA

O ano que vai chegando ao fim será para sempre lembrado como o "ano da mordida". Como se não bastassem as brigas de rua, o tumultuado casamento e a prisão, Mike Tyson manchou a imagem do boxe também dentro do ringue ao morder Evander Holyfield.
Mas o boxe não apresenta somente "bad boys" em seus rankings. Na verdade, vários pugilistas já arriscaram suas vidas para salvar outros.
Enquanto dirigia em Nova York, em 1986, o ex-campeão dos pesos-pesados Floyd Patterson viu um veículo mergulhado em um rio e parou para verificar o que havia acontecido. O ex-campeão não pôde salvar a condutora, mas mergulhou nas águas poluídas e resgatou o neto dela, Colin DeVries, então com três anos, que encontrava-se submerso. "Nunca me perdoaria se não parasse para saber se havia vítimas. Gosto de pensar que outras pessoas fariam o mesmo", disse.
O alemão Max Schmeling, também ex-campeão dos pesos-pesados, salvou a vida de vários judeus durante o período de perseguição nazista na Alemanha, escondendo-os em sua residência. Ironicamente, Schmeling foi acusado, injustamente, durante muito tempo, de ter ligações com os nazistas.
Mas não são apenas os grandes campeões capazes de gestos nobres. Há cerca de três anos, Keith McMurray, um perdedor profissional, retornava para o albergue onde morava após realizar sua corrida matinal.
Subitamente, gritos saídos de uma casa em chamas atraíram sua atenção. McMurray não teve dúvidas: salvou mãe e filho, que certamente teriam morrido se não fosse sua intervenção.
Embora nunca tenha conquistado o título que havia prometido ao falecido pai, McMurray passou a ser visto por muitos como um campeão. Ele é mais um exemplo de que, em um esporte em que há lugar para os "bad boys", os heróis também têm espaço garantido.

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