São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Na Argentina, ano começa com 'Aída'

LÉO GERCHMANN
DE BUENOS AIRES

A temporada 98 de shows em Buenos Aires vai iniciar ainda em 97 e com alguns elementos bastante diferenciados: será marcada pela apresentação de "Aída", uma das óperas mais célebres do mundo, com um coro de 100 cantores, 78 instrumentistas, 500 atores, 40 bailarinos e 400 figurantes num cenário de 1,18 km2.
O espetáculo está marcado para hoje, amanhã e domingo e, mesmo não contando com um elenco glamouroso, certamente causará impacto por abusar da quantidade e da grandiosidade, promovido pelo grupo Operama Spetacular.
O grupo existe desde 88, quando se apresentou pela primeira vez, em Montreal, chegando a reunir um público de 70 mil pessoas.
Nos quase 10 anos de existência, cerca de 2 milhões de pessoas assistiram às apresentações organizadas pelo grupo ocorridas também na Austrália, no Japão e nos Estados Unidos.
A expectativa em Buenos Aires é que a nova interpretação para a ópera de Giuseppi Verdi represente uma bem-vinda quebra de tradição. Não foi anunciado nenhum cantor lírico de renome, como normalmente ocorre, mas se espera uma grande festa em pleno Campo Argentino de Pólo.
Para os portenhos, aliás, "Aída" tem um atrativo especial: foi com ela que ocorreu a inauguração do Teatro Colón, um símbolo artístico de Buenos Aires, no dia 25 de maio de 1908.
O Operama já montou "Carmen", de Georges Bizet, "Madame Butterfly", de Giacomo Puccini, e "Nabucco", de Verdi.
A atração visual é o grande trunfo do Operama, dirigido pelo músico italiano Giuseppe Raffa.
Egito
Haverá, no lado oposto ao "superpalco", um telão mostrando templos, estátuas, pirâmides e outras imagens que remetem ao Egito Antigo.
Raffa acredita estar conseguindo mostrar que os muros dos teatros muitas vezes limitam as óperas monumentais a um espaço muito pequeno.
"A ópera é uma arte popular, e não, como se pensa às vezes, um entretenimento exclusivo de elites privilegiadas econômica e intelectualmente. Milhões de pessoas se tornaram aficionadas pela música lírica com o Operama", diz ele.
A ópera ao ar livre é uma tradição européia. O cenário mais famoso está em Verona e existe desde o século 2º. Foi transformado em um anfiteatro com capacidade para 25 mil espectadores, que funciona desde 1913. A primeira apresentação nele ocorrida foi justamente uma montagem de "Aída".
Na América do Sul, o Operama se apresenta pela primeira vez. O objetivo é colocar o continente, incluindo o Brasil, no seu roteiro mundial.

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