São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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Chute vira 'passo de balé' e Edmundo joga SÉRGIO RANGEL SÉRGIO RANGEL; MÁRIO MAGALHÃES; MAÉRCIO SANTAMARINA
Foi mais fácil do que os vascaínos supunham: o atacante Edmundo jogará hoje contra o Palmeiras, em busca do tricampeonato nacional do Vasco. Edmundo foi absolvido ontem pelo Tribunal Especial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por 6 votos a 1, da acusação de agressão ao zagueiro Cléber e ofensa ao árbitro Antônio Pereira no jogo de domingo passado, no Morumbi, em São Paulo, quando foi expulso. O jogador vascaíno foi condenado a pagar multa de R$ 120 por atitude inconveniente. O "chute" em Cléber, como narrado na súmula do árbitro, não passou, na opinião do auditor Paulo Elísio de Souza, torcedor do Vasco, de um "passo de balé". Também por 6 votos a 1, o técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, foi absolvido da acusação de agredir o zagueiro Válber com a bola e condenado também por atitude inconveniente. Sua multa foi de R$ 90,00. Irritado, Scolari se retirou no meio do julgamento, protestando contra a perseguição dos repórteres. Para o cinegrafista da TV Bandeirantes Edílson Santos, disse, reclamando do que julgou assédio: "É por isso que você vai morrer nesse lugar, como câmera". O técnico estará hoje no banco do Palmeiras, no Maracanã. O único voto pela suspensão de Edmundo (seis jogos) foi do auditor flamenguista Mário Alberto Pucheu, que apontou contradição no argumento contrário à punição forte de Edmundo. "Durante todo o ano, esse tribunal considerou vias de fato (agressão) como a injúria física voluntária ao adversário fora da disputa da bola. Foi o que fez Edmundo." Pucheu ficou isolado. O Vasco, mudando todo o discurso de domingo passado, levou ao tribunal o jogador Juninho para confirmar que o supervisor Isaías Tinoco orientou Edmundo, no sábado à noite, para ser expulso caso recebesse o cartão amarelo, que o suspenderia automaticamente. "Marajá (forma como Tinoco trata Edmundo), se você tomar o amarelo, a única chance é o vermelho", teria dito Tinoco. Ao manifestar seu voto, Paulo Elísio de Souza disse que o tribunal havia absolvido o então flamenguista Sávio por uma agressão na qual foi expulso. Conforme Mário Pucheu lembrou, Sávio foi na verdade julgado -e absolvido- por supostamente forjar um pênalti. O advogado João Carlos Ferreira, do Vasco, comparou a atitude de Edmundo à de Garrincha na semifinal da Copa de 62, quando ele deu um chute nas nádegas de um rival. Naquele Mundial, uma ação do Brasil nos bastidores permitiu a Garrincha jogar a final. A defesa de Edmundo foi dividida por Ferreira com o presidente da Federação de Futebol do Rio, Eduardo Viana, que citou, entre outros, o comunista Karl Marx e o romancista Alexandre Dumas. O Palmeiras aceitou a decisão do tribunal e não vai recorrer. Texto Anterior: Deserdados reclamam vaga na equipe de Zagallo Próximo Texto: 'Consegui liberá-lo', diz Miranda Índice |
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