São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Espiões e auto-ajuda distraem Scolari

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é apenas Edmundo que busca nos livros inspiração para a final do Brasileiro-97.
O técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, afirmou que tem a leitura como prática constante e uma boa maneira de relaxar para a final.
"Se tu estás na concentração durante quatro dias, não vais ler?", questionou o técnico, que se declara um apreciador de livros de espionagem, auto-ajuda, periódicos voltados para a ficção e viagens e biografias.
"Gosto desses livros tipo 'como vencer, como fazer amigos'. Leio, mas não faço (amigos)", brincou.
O atacante vascaíno, por sua vez, tem como livro de cabeceira nestes dias que antecedem a decisão "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, um filósofo chinês que se tornou general há 2.500 anos antes de Cristo.
A obra tenta mostrar que "o verdadeiro objetivo da guerra é a paz", como diz um dos trechos.
A preferência literária de Scolari recai sobre o periódico "Seleções", publicado desde o início do século nos EUA e traduzido para vários países.
A publicação é uma coletânea de textos curtos -reportagens e ficção de fácil leitura-, direcionada para a família.
O treinador palmeirense afirma que não perde um número, que sempre leva aos lugares onde o Palmeiras vai jogar.
"Já ganhei até do dr. Fábio (Koff, ex-presidente do Grêmio) um livro com resumos da Seleções", afirmou ele.
No quesito periódicos, tem também espaço cativo nas suas prateleiras a revista "Geográfica Universal", que traz reportagens sobre viagens e geografia natural.
Algum esforço de memória é necessário para que ele lembre o livro que lê atualmente.
Trata-se da biografia de Evander Holyfield, escrita pelo irmão do boxeador norte-americano, que o técnico recebeu de presente de um torcedor.
Leu apenas umas poucas páginas, conforme seu próprio depoimento -o suficiente, porém, para uma breve resenha.
"É incrível a dificuldade que ele teve para sobrepujar obstáculos", disse Scolari a respeito do lutador.
O técnico lamenta, porém, que o hábito não se estenda para os seus jogadores.
"Muitos poucos lêem, não só no meu grupo, mas no futebol de uma maneira geral. Deveria ser uma prática mais comum, todos deveriam ter um livro de cabeceira."
A constatação não é suficiente para que ele tente disseminar o hábito entre os palmeirenses. "É difícil, procuro estimular mais nas categorias de base", disse.
Elogios
Scolari disse desconhecer "A Arte da Guerra", mas elogiou a atitude de Edmundo, que teria no livro um auxílio para evitar as provocações dos adversários.
"Tudo o que ele fizer para que essa imagem (de explosivo e inconsequente) seja apagada eu aplaudo", ressaltou.
O técnico aproveitou para se mostrar um admirador antigo do futebol do jogador.
"Há uns quatro ou cinco anos que tento trabalhar com ele. Quando era do Grêmio, queria tê-lo no time. Mas nunca conversei mais que dois minutos com ele."

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