São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Montadora retoma negociação e insiste no corte de benefícios

Paricipação nos lucros pode não ser paga no ano que vem

DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen pretende concentrar as discussões com os metalúrgicos no ABC, que serão retomadas amanhã, nos cortes de benefícios de seus funcionários.
Caso as alterações que a montadora quer fazer forem aceitas, a convenção coletiva dos trabalhadores da Volks, com várias vantagens em relação à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), será desfigurada.
A montadora espera convencer os metalúrgicos a ceder em quatro pontos principais: a participação nos lucros não seria paga em 98, o adicional de horas extras seria cortado pela metade, o subsídio do plano de saúde seria reduzido de 85% para 50% e o transporte gratuito na fábrica seria eliminado.
Só com o não pagamento da participação nos lucros, a Volks deve economizar R$ 84,4 milhões, levando-se em conta que neste ano, cada um dos 31,5 mil trabalhadores da empresa recebeu R$ 2.680.
Esse total representa cerca de 42% dos R$ 200 milhões que a montadora diz precisar economizar para não demitir.
A terceirização, que pode eliminar outros 3.000 empregos diretos na montadora, também estará na mesa de discussão amanhã.
Oficialmente, a Volks evita comentar o teor das propostas, mas insiste na necessidade de fazer cortes, seja lá onde for. "Nós precisamos negociar para achar de onde vamos tirar o dinheiro", disse Fernando Tadeu Perez, diretor de Recursos Humanos da Volks.
Perez disse estar otimista quanto a um acordo a ser firmado com o sindicato. "Acho que a gente já caminhou bastante para isso."
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, diz que não está disposto a aceitar cortes nos benefícios.
"Uma das propostas que a companhia gostaria é de que em 98 a gente concordasse, já que não vai ter nenhum centavo de PLR. É claro que nós não vamos concordar com isso", afirmou.
Marinho sabe, no entanto, que não está negociando apenas 10 mil postos de trabalho, mas a sobrevivência da fábrica da Volks no ABC.
"A Volks vai passar por uma profunda reestruturação. Nós temos garantias de que a fábrica de São Bernardo vai sobreviver até o ano 2000. A briga é para estender esse prazo", afirmou Marinho à Folha, depois da entrevista coletiva, na quarta-feira, em que anunciou o programa de demissões voluntárias.

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