São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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México vai gastar dois Proer com bancos
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
México vai gastar com bancos dois Proer Três anos exatos depois que o México praticamente quebrou, o país continua tendo que conviver com um problema extremamente delicado: a fragilidade do sistema bancário. O governo já se comprometeu a investir o equivalente a 12% do PIB (Produto Interno Bruto), em dinheiro de hoje, para tentar estabilizar o sistema bancário, algo como US$ 42 bilhões ou o dobro do que custou ao governo brasileiro até agora o Proer (programa de apoio à fusão de bancos). O governo do presidente Ernesto Zedillo já aplicou 9,8% do PIB, mas o processo de ajuste não terminou. "O setor bancário continua muito frágil. Podemos nos considerar com sorte porque não houve um colapso graças às medidas que tomamos para ajudar o sistema", diz Alejandro Valenzuela, assessor do Ministério da Fazenda. Quando estourou a crise mexicana, em dezembro de 1994, o governo adotou uma série de medidas, a começar pela elevação dos juros e desvalorização do peso. O efeito para os bancos foi devastador. Os bancos já estavam em situação complicada desde que foram privatizados, entre 1991 e 1992. Os novos donos dos bancos, que pagaram muito alto, decidiram aumentar de forma agressiva as operações de crédito, sem ter, no entanto, experiência em conceder empréstimos para o setor privado. Nesse panorama já complicado, a alta dos juros decidida pelo governo teve efeitos desastrosos. Em novembro de 1994, a taxa básica de juros era de 14,33% ao ano; cinco meses depois, atingira 74,90%. Segundo a empresa de consultoria Grupo de Economistas Associados, uma pessoa que, em novembro de 94, gastava 25% da renda para pagar juros, em abril de 95 teria que gastar toda a renda para pagar os juros das suas dívidas. E isso ocorreu também com empresas, tendo como consequência a elevação da inadimplência. O governo teve que adotar uma série de providências para impedir uma quebradeira de bancos, incluindo a maior participação do capital estrangeiro. Esse processo não terminou: no início de dezembro, o Citibank comprou um banco mexicano, o Confia, que tinha problemas financeiros. Como no Brasil, essa política gerou críticas. Agora, o governo está procurando criar leis e sistema de fiscalização para evitar novas crises. Para o restante da economia, a fragilidade do setor bancário é uma restrição ao seu crescimento. O processo de recuperação dos bancos mexicanos ainda deve perdurar por vários anos, talvez por mais uma década, na expectativa do próprio governo. Texto Anterior: Elétricas melhoram os resultados em 97 Próximo Texto: Alta do juro norte-americano agravou crise Índice |
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