São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Executivo aperta o cinto neste Natal

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Até eles estão cortando seus gastos neste final de ano. Assustados com os efeitos do pacote editado no mês passado, executivos estão cancelando suas tradicionais viagens de réveillon e cortando, radicalmente, suas listas de presentes.
Na prática, eles estão trazendo suas noções profissionais para dentro de casa e cuidando de adequar o orçamento doméstico ao novo cenário econômico.
Eduardo Nunes Ferreira Porto, 27, sócio da Framasa, corretora de seguros, planejava desde abril passar o Natal em Nova York e o réveillon em Miami com a mulher. Gasto previsto: US$ 15 mil.
Após analisar o mercado neste final de ano, os planos foram adiados e ele ficará os 15 dias na fazenda da família, no interior paulista.
"Cancelar a viagem foi uma decepção, mas não dá para arriscar." Sua preocupação é com o início do ano que vem. "O ano de 97 foi bom para os negócios, mas não há certeza sobre 98", afirma.
Os presentes também foram reduzidos. "Cortei da lista amigos e parentes mais distantes."
Caminho semelhante é seguido por Paulo Roberto Leal, 35, sócio de uma empresa de convênio odontológico. Seu filho de cinco anos iria ganhar um computador, modelo Pentium. "Agora, vou dar uma roupa do Power Ranger."
Aos demais familiares, Leal vai dar presentes úteis, abandonando os supérfluos. "É melhor segurar os gastos porque a inadimplência está alta entre os meus clientes."
Inadimplência também levou o médico Roberto Tullii a desistir de fazer suas compras de Natal em Nova York. "Sempre tirei uns dias às vésperas das festas para comprar presentes no exterior."
Tullii, que trata problemas de impotência sexual, fará suas compras por aqui mesmo, enquanto recebe telefonemas de clientes pedindo para segurar os cheques pré-datados das consultas. "As pessoas estão apertadas."
Orçamento caseiro
O orçamento doméstico de Sérgio Bicicchi, diretor comercial da ótica Iguatemy, segue a mesma lógica daquele feito para a empresa: tem muitos projetos adiados.
A ampliação da ótica ficou para depois de março e a viagem dos filhos adolescentes para o Caribe está suspensa. "Devemos ir para a praia, na casa de parentes."
Reviravolta maior acontece com Sérgio Pelegrini, 33, arquiteto e empresário. Depois de muito tempo, ele volta a trabalhar no período das festas. Ele cancelou o réveillon com a namorada no Caribe e aceitou iniciar um projeto de uma boate no litoral norte paulista.
"Vou começar 98 trabalhando. É uma boa postura psicológica para o início do ano", afirma.
Mas não foi apenas a viagem que foi adiada. O plano de trocar um automóvel Honda por uma BMW foi mudado radicalmente. Ele vendeu o carro e comprou uma pick-up nacional para a empresa.

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