São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Operação Urbana Centro

Quantos de nós não moraríamos em um centro reurbanizado, mais seguro?
ELIZABETH GOLDFARB COSTA
Do último pavimento do edifício Itália, no final da tarde de 27 de novembro, olhávamos a cidade com dupla perplexidade: a de reconhecer todos e tantos edifícios, lugares, ruas, espaços urbanos que havíamos esquecido e a de acreditar poder recuperá-los.
Acabávamos de participar do lançamento da Operação Urbana Centro, em um seminário que reuniu arquitetos, urbanistas, empresários da construção, representantes do poder público e de várias entidades envolvidas com questões urbanas.
Essa luta travada em longos anos de debates tem como objetivo resgatar a identidade do centro da cidade de São Paulo e não somente ser um avanço em sua preservação histórica.
Por concentrar infra-estrutura, instalações e acessos por vários meios de transporte coletivo, além de inúmeros espaços culturais, o centro de São Paulo possui a qualidade de possibilitar usos mistos, a partir das estratégias contidas na Operação Urbana Centro, que por meio da lei 12.349 institui novas formas de intervenção e investimentos nas áreas centrais.
Basicamente, a Operação Urbana Centro oferece à iniciativa privada atraentes incentivos para novos empreendimentos na área, diretamente associados aos investimentos na recuperação e preservação dos espaços e edifícios.
Uma oportunidade concreta de tirar do papel idéias que possam melhorar as condições do local.
A doação de terrenos para a implantação de áreas verdes, a restauração de edifícios tombados e a construção de prédios destinados a atividades culturais, por exemplo, vão conceder direitos de transferir potencial construtivo dos imóveis em questão para outras áreas localizadas dentro ou fora do perímetro da Operação Urbana Centro.
Haverá, ainda, isenção de impostos nos primeiros 36 meses de vigência da lei, além da possibilidade de alterações de índices urbanísticos -sem ônus algum- em empreendimentos em uma área denominada Área de Interesse Especial, situada no núcleo da área de intervenção, o centro histórico propriamente dito.
Esse centro maravilhoso, escondido, coberto de sujeira e abandono, víamos do alto, nós, os profissionais responsáveis por construir São Paulo, e nos perguntávamos, esbarrando no óbvio: quantos de nós não moraríamos em um centro reurbanizado, com mais segurança e atividade?
Quantos compradores potenciais para pequenas unidades de moradias e de escritórios escolheriam o centro em vez das periferias da cidade?
A Operação Urbana Centro é um ato na direção certa, e conta com o nosso apoio!

Elizabeth Goldfarb Costa, 44, é vice-presidente da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).

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