São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Céticos conseguem fazer bons negócios

DA REPORTAGEM LOCAL

As imobiliárias se dividem na hora de calcular o preço dos imóveis que foram cenário de crimes violentos.
Claudio Queiroz, 48, diretor comercial da Camargo Dias do Pacaembu, afirma que o imóvel não perde seu valor de mercado porque os proprietários nunca têm pressa para vendê-los.
Já José Rufino Bueno, 60, gerente de vendas de terceiros da Coelho da Fonseca, diz que esses imóveis são boas ofertas para quem quer fechar um bom negócio.
"Não dá para calcular o quanto o valor cai, mas sempre há negociações", afirma.
O estado do imóvel influencia a curiosidade dos compradores. Segundo Elizanias Marques, 40, gerente de vendas da imobiliária Julio Bogoricin, quando o imóvel está arrumado, ninguém desconfia de nada. "É comum as pessoas perguntarem se aconteceu alguma coisa quando a casa está abandonada. Do contrário, não."
André Cipriani, 31, gerente comercial da Oeste Imóveis, diz que em dois, três anos ninguém mais se lembra das histórias.
Claudio Queiroz, 48, diretor comercial da Camargo Dias do Pacaembu, faz coro com Cipriani. "Corretor de imóvel vende casas, não tem de contar histórias."
Apesar disso, admite que esses imóveis só são vendidos para pessoas que não conhecem o caso. Ele mesmo, quando questionado se compraria a casa da rua Cuba, não titubeou. "Eu não moraria lá. Acompanhei toda a história. A casa ficou muito marcada."
No número 109 da rua Cuba, no Jardim Europa, bairro nobre da zona sudoeste de São Paulo, o casal Jorge Toufic Bouchabki e Maria Cecília Delmanto Bouchabki foi assassinado a tiros na madrugada do dia 24 de dezembro de 88.

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