São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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BABEL BENDITA

. JOSÉ PAULO PAES
"Eu sou o poeta mais importante da minha rua, mesmo porque minha rua é curta", escreveu há 20 anos o poeta e tradutor José Paulo Paes, 71, quando morava numa pequena rua sem saída no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, hoje uma agitada avenida.
O barulho fez com que ele transferisse seu escritório para o fundo da casa, onde há ainda um jardim e uma pequena piscina, inventando uma composição singela, como um poema visual. Na entrada do local de trabalho, o poeta afixou a placa que cem anos atrás identificava a tipografia de seu avô.
Ele trabalha sempre ouvindo música clássica. Por toda a casa são muitos os rádios espalhados. "Quando Dora, minha mulher, quer me encontrar, ela procura o rádio que está ligado." Com 50 anos de vida literária, Paulo Paes atualmente passa de quatro a cinco horas diante do computador, sempre após o almoço.
Tradutor de vários idiomas, afirma que não domina as línguas, mas é dominado por elas. "Sou surdo-mudo em oito línguas: inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, dinamarquês, grego antigo e grego moderno. É uma bendita Torre de Babel."
Além dos dicionários comprados com voracidade nas viagens, sua biblioteca contém muita poesia e numerosos ensaios literários. "Tenho a impressão de que os livros se multiplicam à noite, enquanto durmo", diz.

JOSÉ PAULO PAES nasceu em 1926, em Taquaritinga (SP). É autor, entre outros, de "A Meu Esmo" (Noa Noa), "De Ontem para Hoje" (Boitempo), "Prosas Seguidas de Odes Mínimas" (Companhia das Letras) e "Os Perigos da Poesia e Outros Ensaios" (Topbooks). Vive em São Paulo (SP).

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