São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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Olhos biônicos
RICARDO ZORZETTO
Em alguns casos, chips poderão ser implantados na retina -camada de células localizadas na parte posterior do olho, que capta a luz e a transforma em sinais elétricos interpretados pelo cérebro. Eletrodos também poderão ser conectados diretamente à região do cérebro responsável pela visão. Pesquisadores do Instituto do Olho Wilmer, da Universidade Johns Hopkins, e do Centro de Reabilitação e Pesquisa da Visão Lions, estão trabalhando no projeto de um equipamento para melhorar a visão de pessoas com baixa acuidade visual. O aparelho (veja quadro ao lado) é composto por microcâmeras, computador e chips implantados na retina do paciente. As câmeras móveis, instaladas nas laterais dos óculos, captam imagens e as transmitem por fibra óptica para um computador portátil. O computador transforma as imagens em dados que são enviados, por raios infravermelhos, para o chip implantado na retina. Cada paciente poderá ter o implante de um chip personalizado, adaptado às deficiências de sua retina. As informações que chegam aos chips deverão ser enviadas, na forma de sinais elétricos, para o nervo óptico, que as transmite para o córtex visual, região do cérebro onde os sinais são interpretados. Os cientistas estimam que essa tecnologia estará disponível entre 2010 e 2020. A longo prazo, a visão eletrônica poderá estar disponível também para quem não enxerga. No Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Escola de Medicina da Universidade Harvard já foi desenvolvido um sistema de fotorreceptores para implante intra-ocular, capaz de receber os sinais de uma câmera. Eles detectam mudanças de brilho e movimento. O dispositivo foi testado apenas em coelhos. John Wyatt, do MIT, e Joseph Rizzo, da Escola de Medicina de Harvard, afirmam que, num futuro próximo, esse implante seria a melhor alternativa para aliviar problemas de retina, pois outros métodos de compensação de danos e deterioração desse órgão não têm se mostrado muito eficientes. "Esses dispositivos poderiam ser usados apenas em pacientes que possuem o nervo óptico intacto", explica Newton Kara José, professor de oftalmologia da Universidade Estadual de Campinas e da Universidade de São Paulo. Neste final de século, oftalmologistas e cientistas de outras áreas estão agindo como o escritor francês Júlio Verne (1828-1905), na opinião de Kara José. "Eles estão tentando prever o futuro." Texto Anterior: BIOLOGIA; COSMOLOGIA Próximo Texto: ESPAÇO; ROBÓTICA; ARQUITETURA Índice |
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