São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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O Oriente é aqui

RACHEL BOTELHO

Novas casas noturnas do litoral norte buscam inspiração no outro lado do mundo para atrair de surfistas a mauricinhos
O Oriente baixou no litoral norte neste ano. Atraídos pela cultura asiática, os proprietários de casas noturnas, bares e restaurantes foram buscar na Indonésia, Vietnã e Tailândia inspiração para compor a decoração e o cardápio dos que prometem ser os novos pontos de encontro na praia deste verão.
O bar e restaurante Zan-Zii, por exemplo, tomou emprestado o nome de um amigo balinês dos sócios. Instalado à beira-mar, em Maresias, a casa funciona 24 horas e oferece, além de petiscos e sanduíches, uma pista de dança para surfistas e "desencanados" curtirem a noite ao som de reggae, rock nacional e axé.
"Fizemos uma casa típica de praia, diferente das que estão surgindo na região -com cara de São Paulo", conta Marcelo Guedes, um dos sócios. O Zan-Zii tem ainda uma quadra para eventos esportivos e prática de "lambaeróbica", com o intuito de atrair o público também durante o dia.
O 901 é outra boa opção para os órfãos do extinto Shaolin e do Bar do Meio, já considerado decadente pelos frequentadores de Maresias. De frente para o mar, o bar e restaurante serve sanduíches naturais, grelhados e petiscos. Cercada por coqueiros, a casa tem decoração rústica e bem praiana. À noite o quiosque-danceteria abre, e a moçada pode dançar até o dia amanhecer. "A gente vai tocar todo o tipo de som, menos pagode e techno", avisa o proprietário Richard Rodrigues.
A menos de 100 metros do 901 fica a lanchonete Legends, que funciona também como museu do surfe. A prancha do tricampeão mundial Tom Curren faz parte do acervo, em meio a pôsteres e outras pranchas que decoram o local. "A casa é legal e fica movimentada o dia todo", conta Elaine Gualtieri, 22, que esperava para jantar com o namorado no local há dois finais de semana.
Como não poderia deixar de ser, o público é formado por surfistas, mas alguns curiosos também aparecem para conhecer o lugar ou comer um doce da Le Moussier -que fica no térreo.
Ainda em Maresias, os proprietários da Wakalouka resolveram apostar em uma estranha mistura de danceteria com restaurante oriental e pizza-bar.
Instalado em um quiosque todo decorado por deuses hindus, móveis importados da Indonésia e cheirando a incenso, o restaurante Ke Pantai serve pratos vietnamitas, tailandeses e indonesianos. Um jardim, também com toques orientais, separa o restaurante do Wakalouka. Lá, quem não tiver curiosidade de experimentar um prato exótico pode comer alguma coisa no pizza-bar antes de ir para a pista ao som de dance e techno.
Surfistas x mauricios
Mas se os surfistas foram os privilegiados nesta temporada, com a abertura de casas mais despojadas e "sem frescuras", os mauricinhos e patricinhas não precisam se preocupar. O Cabral Sirena, aberto há quatro anos em Maresias, continua firme e forte embalando a noite dos que acham que praia também é lugar para ver e ser visto. E o estacionamento é o primeiro sinal da ferveção que acontece lá dentro. Logo na entrada, Grand Cherokees, Blazers e os pequenos Golfs, de porta-malas abertos, fazem a prévia do som que rola na pista.
Cercada por árvores -artificiais e naturais-, a danceteria ampliou seu espaço ao ar livre com a construção de uma gruta-bar, ao lado do deck com a minipiscina. "Nós queremos manter a marca, mas procuramos inovar todo ano", conta Luciano Huck, sócio do Cabral Sirena.
A casa passa a ter agora sete bares, além do sushi-bar e da pista de dança. E é nessa pista, estrategicamente localizada um degrau abaixo do bar inteiro, que a paquera acontece. "O lugar é ótimo para paquerar, tem muita gente bonita", diz Érica Pagano, 20, que dançava com as amigas Alessandra Prado, 21, e Fabiana Fiorese, 20. "A gente tem casa em Camburi, mas vem para cá direto", conta Alessandra.
Camburi, a poucos quilômetros de Maresias, também investe em casas noturnas e restaurantes para atrair "gente jovem e bonita". O restaurante Bom Dia Vietnã é um dos lugares preferidos da moçada, para uma comidinha leve depois da praia ou um bate-papo com os amigos. "Domingo é o dia que mais enche, porque o pessoal vem se tratar antes de voltar para São Paulo", conta a sócia Mainá Costa, 18.
Aberto há dez meses, o Bom Dia Vietnã é uma das casas pioneiras na temática asiática. O cardápio, diferentemente da decoração -cheia de estátuas hindus e artesanatos com inspiração no Oriente- segue uma linha light. Saladas, sanduíches leves, vitaminas e sucos dão o tom da cozinha, a um preço bastante camarada. Não é à toa que a casa recebe uma clientela cativa, formada sobretudo por surfistas e meninas viciadas no binômio praia-saúde.
Também em Camburi -desta vez para um público mais variado- fica O Galeão. Aberto há quatro anos, o bar e danceteria resiste às mudanças e conserva a decoração com motivos de piratas. A casa abre a partir das 21h, mas é por volta da meia-noite que começa a encher. Na pista, o DJ Animal, do Quitandinha de São Paulo, toca funk e um pouco de MPB.
Ao lado do Galeão fica o restaurante Tiê, que acaba de abrir outra unidade para acomodar tanta procura. A primeira, a poucos metros da praia, ficou reservada para petiscos e drinques, enquanto a nova abriga o restaurante. A decoração rústica e aconchegante atrai uma clientela que vai de jovens a casais mais velhos. "Venho muito para cá, comer filé de badejo ao pomodoro", disse Elvis Marques, 28, que almoçava com um amigo. "Mas o melhor lugar para encontrar gente bonita é o Galeão, onde a gente vai à noite", confirma.
Batizada com o nome de uma das praias mais famosas de Bali, a danceteria Nusa Dua também tem decoração importada. Desde os decks de madeira até os quiosques com bares e lanchonete foram inspirados na arquitetura de Bali. Para completar, um enorme totem de ferro ajuda a compor o jardim. Na pista, reggae, funk, axé e rock nacional.
Em Boiçucanga a novidade fica por conta da filial do Dolores Dolores. "Estamos correndo atrás da moçada, senão não aguentamos passar o verão", conta a proprietária Kátia Cardoso. A danceteria paulistana instala-se na praia, mas não perde o estilo. A black music, que lota a casa em São Paulo, vai continuar animando a pista. Ou melhor, o quiosque-pista-bar, que fica rodeado por quiosques-lojinhas, com sorveteria, butique e tabacaria.

ONDE ENCONTRAR - Bom Dia Vietnã: r. Olímpio Faustino, 561, Camburi, tel. (012) 465-1732. A partir de 26/12, diariamente, 8h/3h. Cabral Sirena: av. Francisco Loup, 1.170, Maresias, tel. (012) 465-6681. Diariamente, após 23h. Cons. mín.: R$ 10 a R$ 25. Dolores Dolores: av. Walkir Vergani, s/n, Boiçucanga, tel. (014) 984-1852. Diariamente, após 15h. Preço não definido. Ke Pantai: av. Francisco Loup, 1.555, Maresias, tel. (012) 465-6252. Qua. a dom.: 13h/2h. Legends: av. Francisco Loup, 1.116, Maresias. 901: av. Francisco Loup, 901, Maresias, tel. (012) 465-6191. Abre no final de dezembro. Sex. e sáb.: 9h/último cliente. Dom. a qui.: 9h/3h. Cons. mín. (à noite): R$ 5 a R$ 10. Nusa Dua: estrada do Camburi, 710, Camburi, tel. (011) 977-1414. Qui. a sáb., após 22h. Entrada: R$ 5 a R$ 25. O Galeão: estrada do Camburi, s/n, Camburi. Qui. a dom., após 21h. Tiê: estrada do Camburi, 1.182, Camburi, tel. (012) 982-1619. Wakalouka: av. Francisco Loup, 1.555, Maresias, tel. (012) 465-6252. Qui. a sáb., após 21h. Entrada: R$ 10 (mulher) e R$ 25 (homem). Zan-Zii: av. Francisco Loup, 1.190, Maresias, tel. (012) 465-6483. 24h. Cons. mín. (sáb.): R$ 15 (mulher) e R$ 20 (homem).

A repórter Rachel Botelho viajou a Maresias a convite do restaurante Ke Pantai

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