São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997
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'Somos uma dupla, não uma gangue'

PL
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusados dizem que preferiam assaltar mulheres porque estas são mais 'dóceis' e os homens, 'mais perigosos'

"Somos uma dupla, não uma gangue", disse um dos acusados presos anteontem, Antonio Augusto de Carvalho. "A técnica foi minha. Fui eu que bolei."
Ele disse ontem à imprensa que escolhia mulheres por elas serem mais dóceis. "Os homens são mais perigosos. Nós não queremos violência. Meu negócio é dinheiro."
Seu parceiro, Garcia, foi apontado pelas vítimas como o mais violento, que abusava sexualmente de algumas das vítimas enquanto o comparsa estava no caixa eletrônico.
O diretor da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, Godofredo Bittencourt, afirmou que os dois acusados são os únicos componentes da "gangue da batida". "As mulheres podem, a partir de agora, dirigir mais tranquilas."
No entanto, parte da polícia acredita que são vários os grupos que utilizam o método da batida para assaltar mulheres dirigindo sozinhas à noite em São Paulo.
"Pode ter uma turma operando por aí, mas eu não conheço ninguém", disse Carvalho.
Carvalho é foragido da penitenciária de Sorocaba (interior de SP), de onde fugiu quando cumpria pena de 15 anos por homicídio, roubo e assalto. Garcia também já é alvo de um inquérito no 6º DP por facilitação de fuga.
Para chegar aos dois suspeitos, o delegado Edson Soares cruzou essa investigação com informações de um inquérito aberto em julho.
O alvo desse inquérito é Sérgio Henrique Lopes Baiza, 23, cunhado de Carvalho, acusado de assalto em caixas eletrônicos e estupro.
Pela placa do carro que Baiza usou em um dos assaltos, a equipe do delegado localizou o ex-proprietário do carro, que forneceu o bip de Baiza. "Rastreamos as ligações e descobrimos o local da casa da sogra de Garcia", conta Soares.
"Apesar de não utilizar o método da batida, Baiza cometia crimes semelhantes aos realizados pelos dois acusados", diz. "Por isso suspeitamos que eram membros da mesma gangue."
A suspeita se confirmou anteontem à noite, quando os três foram surpreendidos pela polícia quando comemoravam o aniversário da sogra de Garcia. Segundo o delegado, no momento da prisão Garcia portava a mesma arma que usava nos assaltos.
Além dessa e de outras armas, foram apreendidos pagers, jóias, bijuterias, CDs, controles remotos, um aparelho para medir pressão e um estojo de instrumentos odontológicos. Os objetos foram encontrados nas casas de Carvalho, de sua namorada (Maria Vitória da Silva, 39, acusada de receptação), de Garcia e de sua sogra.
Na casa de Garcia, estava também a cadelinha Lisa, de propriedade da vítima M.A.P. O marido da vítima foi buscá-la ontem à noite.

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