São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997
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Souza Cruz deve distribuir mais dividendos

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda da unidade de papel da Souza Cruz pode trazer mais algumas alegrias para os acionistas da maior empresa do setor de cigarros e fumo do país.
A empresa ainda não informou o que pretende fazer com os US$ 62 milhões apurados com a venda da Pirahy, na semana passada, para a norte-americana Schweitzer-Mauduit.
Mas, alguns analistas apostam que há boas chances desse dinheiro -ou grande parte dele- ser transformado em dividendos pagos aos acionistas.
São dessa opinião os analistas Eduardo de la Peña, do Bozano, Simonsen, e José Guilherme Pantano, do Fator.
São basicamente dois os argumentos que sustentam essa crença. "A Souza Cruz tradicionalmente paga bons dividendos aos seus acionistas", diz la Peña.
A empresa está entre as mais agressivas do mercado brasileiro na política de distribuição de dividendos.
Eduardo de la Peña, que assumiu a análise da empresa no Bozano recentemente, atribuiu a recomendação "comprar" para Souza Cruz ON em relatório publicado no dia 12 de dezembro.
A recomendação anterior do banco era para "manter". Ele justifica essa mudança dizendo que a política de distribuição de dividendos da Souza Cruz a torna um excelente "investimento defensivo".
Ou seja, mesmo que o mercado caia por causa de outra crise asiática e, no embalo, o papel perca valor, o acionista tem a garantia de dinheiro na mão.
O segundo argumento é que em outras ocasiões em que a Souza Cruz vendeu participações em empresas ela distribuiu o resultado aos acionistas.
O resultado da venda de sua participação na Aracruz, muito maior que o apurado com a Pirahy, foi integralmente transformado em lucro para o acionista.
"O papel é excelente para quem quer risco moderado e retorno garantido via dividendos", diz José Guilherme Pantano.
Revisão
Ele vai colocar Souza Cruz ON sob revisão. No último relatório do Fator, de agosto, a recomendação era de compra.
Mas Pantano quer avaliar o impacto da desaceleração econômica sobre a venda da empresa no mercado interno e da desvalorização das moedas asiáticas sobre suas exportações.
Para ele, o desaquecimento da economia deve provocar uma redução nas vendas e, principalmente, uma migração do consumo para as linhas mais baratas de cigarro.
Foco
Além de retorno para o acionista, a venda da Pirahy foi bem recebida, de modo geral, por confirmar a estratégia da Souza Cruz de centrar fogo em sua atividade principal, a produção de cigarros e fumo.
Os analistas acreditam que a estratégia é acertada. "A empresa não queria investir em papel e vendeu a fábrica para o maior produtor de papel de cigarros do mundo. Com o tempo, a própria Souza Cruz poderá estar comprando papel por um preço menor, se tornando mais eficiente", avalia la Peña.
Em 96, a Pirahy lucrou R$ 263 mil e nos três primeiros trimestres de 97 transferiu prejuízos à Souza Cruz via equivalência patrimonial.
Reduzir risco
O analista Alexandre Rocha, da corretora Graphus, acredita que o tempo dirá quem está tomando o caminho certo: o grupo BAT, controlador da Souza Cruz, que no mundo todo tem se concentrado no negócios de cigarros, ou seus principais concorrentes -R.J. Reynolds e Philip Morris-, que têm buscado a diversificação.
"A concentração é boa, mas, por outro lado, a atividade ligada ao cigarro é de risco elevado porque o fumo tem sofrido restrições em diversos países", diz ele.
O analista do Bozano, Simonsen acredita que a Souza Cruz já encontrou a saída para reduzir esse risco.
"A empresa tem buscado novos mercados, onde essas restrições não existem", diz ele, referindo-se às exportações da Souza Cruz para o Leste Europeu.

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