São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997
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Merecido!

JUCA KFOURI

Foram 180 minutos de decisão e nenhum gol porque Carlos Germano não deixou. A melhor campanha, que já deveria ter sido suficiente para dar o título ao Vasco, acabou dando.
Com Edmundo em campo, absolvido (!) pelo tribunal da Casa Bandida.
O campeão mereceu a conquista, enfim, e a festa do Maracanã em dia de gala.
E a taça não poderia ter passado por melhores mãos: das de Rico Terra para as de Eurico Miranda.
O Vergonhão-97 terminou como começou, fazendo pouco da inteligência e da decência do torcedor, que se vingou: a média de público não chegou a 11 mil por jogo.
*
Pelé disse o óbvio: a seleção tem feito jogos inúteis, e Zagallo precisa definir o time.
Tanto bastou para desencadear uma crise de ciúmes no comando da seleção.
Carente, o presidente da CBF se queixou de que Pelé não escreve nem telefona até mesmo quando o Brasil ganha uma Copa América -e que suas críticas se devem ao fato de que ele é contratado de uma empresa concorrente da que patrocina a CBF.
Não importa se da Copa América só participaram os reservas das maiores forças do continente e se o cartolão é incapaz de pensar em futebol, só em patrocínios.
Zagallo lembrou que Pelé previu que a Colômbia seria campeã nos EUA o que, ao mesmo tempo, é verdade e desmente a dita motivação do Rei segundo Rico Terra. Em 1994, o Brasil era patrocinado pela empresa para a qual Pelé trabalha, a Umbro.
Mas o que importa é que tanto o cartolão como o treinador não admitem críticas, venham de quem vierem. São da turma do "não me toque".
Zagallo, então, se destempera. Diz que levará para o túmulo a verdadeira razão que levou Pelé a se recusar a participar da Copa de 1974.
Subserviente, a versão que ele conhece, e não tem coragem de contar, é a de João Havelange, segundo a qual Pelé teria exigido que a CBD pagasse suas dívidas -o que o ex-craque desmente.
Para coroar as coisas para nossas estrelas intocáveis, o Brasil entra em campo com a dupla Ro-Ro que Zagallo andou querendo desfazer -e felizmente a Nike impediu- e pronto! Brasil 6 a 0.
Ainda que diante de um adversário inútil mas, ao menos, com o ataque definido.
E agora Pelé é mais um na lista dos que terão de engolir o técnico. Haja!

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