São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 1997
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Motim deixa 9 mortos e 3 feridos no CE

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Uma rebelião de 21 presos do Instituto Penal Paulo Sarasate (CE) acabou ontem à tarde, 25 horas depois de iniciada, com um saldo de nove detentos mortos e três reféns feridos, segundo a PM.
Um dos líderes da rebelião, conhecido por Serginho, foi morto logo no início do motim, anteontem, em tiroteio com policiais.
Os outros oito morreram ontem, depois de fugir do presídio em automóveis de marca Santana cedidos pela polícia.
Os rebelados cumpriam pena por assaltos a banco, homicídios e tráfico de drogas, entre outros crimes, segundo o coronel Amaral Brasileiro, diretor do presídio.
Fuga
Os rebelados receberam quatro automóveis e oito revólveres ontem à tarde, depois de ameaçar matar os quatro reféns que tinham em seu poder.
Em troca, eles liberaram um dos reféns: o tenente da Polícia Militar Tomaz de Aquino, diretor de disciplina e segurança do presídio.
O presídio fica em Eusébio, região metropolitana de Fortaleza. Os 20 detentos (sem o líder, morto) fugiram em direção ao sertão cearense, a uma velocidade média superior a 100 km/h.
A polícia saiu em perseguição aos fugitivos e armou barreiras em alguns locais pelos quais eles deveriam passar.
Na BR-116, região de Pacajus (cerca de 50 km de Fortaleza), um dos automóveis bateu em uma árvore, causando a morte de dois fugitivos e ferindo o refém que estava com eles, Edérgio Teixeira.
Segundo a polícia, o segundo automóvel capotou alguns quilômetros adiante.
No suposto acidente, morreram dois outros detentos. Os dois outros carros dos fugitivos foram interceptados pela polícia. Houve troca de tiros.
Quatro detentos foram mortos. Ficaram feridas a bala as duas últimas reféns: Eunísia Barroso, da Pastoral Carcerária, e a empresária Maria Nilda Alves, presidente de uma fundação de assistência social a detentos, que leva seu nome.
Até as 19h de ontem, a polícia não sabia quantos dos fugitivos também estariam feridos.
Natal
A rebelião começou durante a confraternização de Natal dos 900 presidiários do Paulo Sarasate. Eles se trancaram com os reféns em uma cela e exigiram automóveis, armas e munição.
O presídio foi cercado por policiais do batalhão de choque da PM. Ontem, na hora do almoço, eles entraram em parte do prédio.
O governador Tasso Jereissati (PSDB-CE) determinou que não houvesse invasão da área em que os rebelados estavam, para evitar pôr em risco a vida dos reféns.

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