São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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Venda de imóvel pára em dezembro

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O mês de dezembro, considerado um dos três melhores períodos para o mercado imobiliário (os outros são outubro e novembro), será marcado por poucos negócios, segundo o Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis).
Mesmo com um número de dias ativos (período de negociação) menor que nos outros meses, dezembro tradicionalmente acompanha o aumento das vendas que em geral tem início em outubro.
Em 98, no entanto, a previsão é outra. Segundo Roberto Capuano, 53, presidente do Creci, em janeiro deve ocorrer uma "explosão" nas vendas de imóveis prontos.
"Todos os negócios que estavam em processo de maturação e tiveram de ser interrompidos por causa da economia devem ser concretizados em janeiro."
O contador Silas Belmiro do Rosário, 31, é um bom exemplo disso. Ele diz que esperou até o final do ano para poder comprar um imóvel, mas, com as mudanças na economia, preferiu esperar até 98.
"Os imóveis que visitei custavam entre R$ 35 mil e R$ 40 mil. Hoje, algo semelhante está custando R$ 50 mil", afirma.
Walter Lafemina, 50, vice-presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis), faz outra previsão.
Para ele, quem não comprou em novembro só voltará a pensar no negócio em março de 98, depois que o mercado financeiro tiver retornado à normalidade.
"Janeiro será fraco. Em fevereiro, as pessoas estarão voltando das férias. Em março, se a economia estiver estabilizada, os negócios serão reativados", diz Lafemina.
O consultor Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, 54, concorda. "O consumidor está vivendo um clima de longo prazo. Ele vai pensar com muito mais cuidado antes de investir", diz Ribeiro.
Segundo ele, essa situação de instabilidade afeta o vendedor que, apesar de lutar contra os preços do mercado, precisa negociar. "Só vende quem precisa de dinheiro. Se o preço estiver acima da média, fica sem comprador."
Para Ribeiro, um dos motivos que emperram as vendas é a dificuldade que os donos têm de avaliar o desgaste. Ele diz que a maioria das pessoas quer vender pelo preço que pagou, sem contar com a desvalorização natural.
Luiz Ferreira, 55, gerente da Oeste Imóveis, afirma que, apesar de a oferta estar sendo maior que a procura, o número de negócios concretizados deve ser menor por causa das mudanças econômicas.
Ele diz que o medo de investir no mercado financeiro criará uma migração acentuada para o imobiliário.

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