São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Negócios de Carnaval movimentam R$ 1 bi

FÁTIMA FERNANDES

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Faturamento é até 15% maior que o de 1996; setor de cervejas e refrigerantes estima vender R$ 355 mi

A idéia de que o Carnaval pára o Brasil não encontra respaldo nos números. A maior festa popular do país deve movimentar em apenas uma semana R$ 1 bilhão -o que fatura por ano, por exemplo, uma das maiores indústrias de alimento do país, a Perdigão.
A Folha ouviu desde representantes de hotéis, agências de viagens e transporte aéreo até organizadores de desfiles, além de lojistas e indústrias de bebidas.
Esse número -10% a 15% maior do que o verificado em 1996, segundo a maioria dos entrevistados- pode engrossar ainda mais.
É que muitas empresas que estão na informalidade geram grandes negócios nessa época, com a venda de camisetas, fantasias e acessórios. Também não está incluído nesse R$ 1 bilhão quanto o turista estrangeiro deixa no país e a venda de produtos que têm grande procura -como camisinhas.
A explicação para que o Carnaval movimente tanto dinheiro é o fato de o real continuar mantendo o poder de compra do consumidor, dizem representantes de setores que ganham fôlego nessa festa.
E mais: os preços de produtos, passagens aéreas e hotéis estão estáveis ou subiram menos do que a inflação -fator que estimula gastos com turismo e lazer.
Para a Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), o movimento no Carnaval deve ser de 15% a 20% maior que o de 1996, diz Caio Luiz de Carvalho, presidente.
A diferença entre este Carnaval e o dos dois últimos anos, dizem os consultados, é a consciência que o brasileiro adquiriu do valor da moeda, o que permite que ele não tenha receio em consumir e viajar.
Isso significa ocupação de 80% dos quartos, cujo preço médio é de R$ 70 a diária. Conclusão: os hotéis vão faturar, nesse período, pelo menos R$ 67,2 milhões -10% a mais que o obtido no Carnaval passado. Não estão incluídos os gastos extras do turista.
"Os hotéis estão lotados nas principais capitais. Essa taxa de ocupação é histórica", diz Alfredo Lopes, presidente da Abih.
As empresas de transporte aéreo também estão animadas com seus números. Prevêem movimento de cerca de R$ 100 milhões durante o Carnaval -17,6% maior do que o de igual período de 1996.
"O faturamento das empresas nessa época equivale a 15 dias de um mês normal", diz Ramiro Eduardo Tojal, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias. A taxa de ocupação nos aviões, conta, deve ficar entre 67% e 72% nos dias de Carnaval. No ano passado, foi de 60% a 65%.
Cerveja
As indústrias de cerveja, uma das bebidas mais procuradas no Carnaval, pretendem movimentar R$ 200 milhões nessa época. O consumo elevado fez os fabricantes se tornarem os patrocinadores oficiais do Carnaval e a investirem pesado na divulgação das marcas.
A Antarctica, por exemplo, está gastando R$ 3,5 milhões em ações de marketing no Carnaval, patrocinando bailes e escolas de samba.
A empresa prevê faturar R$ 102 milhões no período de 8 a 16 de fevereiro -crescimento de 12% sobre o Carnaval passado. Ela aposta ainda na linha de bebidas não alcoólicas e espera faturar R$ 43 milhões com a venda de refrigerante.
A Folha apurou que a venda total de refrigerantes no Carnaval pode render R$ 155,4 milhões às indústrias. A Coca-Cola, que diz ter 51% desse mercado no país, prevê faturar R$ 79,3 milhões com a venda de 116,2 milhões de litros.

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