São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Festa popular não pára o país, dizem economistas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Carnaval é uma oportunidade de negócios. É balela dizer que essa festa pára o Brasil", afirma Heron do Carmo, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Além de incrementar os setores de turismo e de lazer, a movimentação do Carnaval propicia investimentos, diz o economista.
"As pessoas viajam, gostam de um lugar e acabam comprando imóveis na praia ou no campo, por exemplo." O Carnaval, para ele, é também um cartão de visita para o país. "Os estrangeiros chegam ao país, gostam e até decidem investir no Brasil."
Compensação
Para Carlos Roberto Azzoni, outro economista da Fipe, o país não pára com o Carnaval porque se a indústria deixa de trabalhar outros setores se movimentam. Assim, existe uma compensação.
Na sua análise, o Carnaval deste ano será menos aquecido do que foi o do ano passado.
Para Azzoni, a classe média -a maior responsável pelo movimento no Carnaval- está mais endividada do que há um ano.
"Quem tem mais dinheiro são as classes C e D, que não viajam."
Ele aposta que o turismo em geral, incluindo hotéis, agências de viagens, aviação, entre outros, será mais fraco neste ano.
O custo de vida da classe média, continua ele, também subiu -gastos com médicos, cabeleireiros e educação.
Desta forma, conclui o economista, sobra menos dinheiro para o lazer.
Viagens de ônibus
As empresas de transporte que fazem fretamento de ônibus acreditam que as saídas de ônibus de São Paulo nos quatro dias de Carnaval devem render R$ 1,35 milhão -valor próximo do registrado no ano passado.
Adalberto Corassini, assessor da diretoria da Transfretur (Sindicato das Empresas de Transporte por Fretamento de São Paulo), diz que 1.500 ônibus devem sair da capital nesse período.
"Cerca de 72 mil pessoas vão sair de São Paulo em carro fretado."
Segundo Corassini, esse número poderia até ser maior se a concorrência com as vans, que também transportam passageiros, não fosse tão intensa.
Combustível
No Carnaval, crescem as vendas de óleo diesel e querosene de aviação, afirmam fontes ligadas a distribuidoras de combustível.
Esse aumento ocorre devido ao fato de as pessoas viajarem mais de ônibus e avião durante essa época, afirma o representante de uma distribuidora.
As vendas de gasolina têm queda de cerca de 10% sobre janeiro. Ela é estimada em R$ 278 milhões durante o Carnaval.
O menor número de dias úteis no mês de fevereiro e a saída dos grandes centros urbanos, onde a movimentação é mais constante, são fatores que contribuem para a queda.
(FF)

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