São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997 |
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Governo ruim desgastou ex-primeira-ministra
JAIME SPITZCOVSKY
Benazir Bhutto chegou ao poder pela primeira vez em 1988, com apenas 35 anos de idade. Seu governo durou então apenas 20 meses. Foi derrubado pelas mesmas acusações de incompetência e corrupção apresentadas em 1996. Hoje ela parece não reunir forças para protagonizar outra volta ao poder. Benazir já promoveria, segundo alguns analistas paquistaneses, o fim da dinastia Bhutto. A ex-primeira-ministra deve muito de sua popularidade ao fato de se apresentar como herdeira de Zulfikar Ali Bhutto, premiê derrubado pelos militares em 1977 e executado dois anos depois. Se a memória do pai garante dividendos políticos a Benazir, o mesmo não ocorre com seu marido, Asif Ali Zardari. Ele é um fardo para a ex-primeira-ministra. Empresário com pouca habilidade política transformado em ministro de Investimentos, Zardari recebia acusações insistentes de corrupção e carregava o apelido de "Senhor 40%", numa referência à quantia que ele supostamente exigiria para intermediar negócios do governo paquistanês. Zardari também é acusado de envolvimento na morte de um irmão de Benazir, ocorrida num tiroteio em Karachi (sul) em setembro passado. Mas a Suprema Corte do Paquistão afirmou semana passada que não há provas contra Zardari num assassinato supostamente arquitetado para livrar Benazir de um rival político. Benazir Bhutto recorreu à Suprema Corte na tentativa de anular o seu afastamento do governo. Mas os juízes rejeitaram seu apelo, alegando que há provas de corrupção no governo deposto. Benazir personifica o exemplo de políticos que alcançam mais sucesso junto a platéias estrangeiras do que em seu país. Educada no Reino Unido, dona de um inglês fluente e com talento diplomático, Benazir, durante seu governo, percorreu o mundo com a mensagem de um "islamismo moderado". (JS) Texto Anterior: Benazir tenta voltar ao poder amanhã Índice |
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