São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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Impeachment substitui golpes nos anos 90

DA REDAÇÃO

A turbulenta época dos golpes militares da América Latina parece já ter terminado. Na década de 90, as tormentas se produzem democraticamente.
Presidentes são eleitos pelo voto direto para depois serem destituídos em trâmites previstos em lei.
Nos últimos cinco anos, foram dois os dirigentes depostos por processos de impeachment e um que chegou a ser processado, mas acabou sendo declarado inocente.
O Brasil, o primeiro que se utilizou do impeachment nos anos 90, afastou em setembro de 1992 o seu então presidente, Fernando Affonso Collor de Mello.
Prefeito biônico de Maceió, capital de Alagoas, entre 1977 e 1982, governador eleito do Estado nordestino entre 1983 e 1986, Collor assume a Presidência do país em 1990. O filho das oligarquias alagoanas vence as primeiras eleições diretas para o cargo desde o golpe militar de 1964.
Acusado de corrupção, Collor é condenado em processo de impeachment e, em 29 de setembro de 1992, é decretado seu afastamento do cargo. Renuncia três meses depois.
Presidente da Venezuela por duas vezes, Carlos Andrés Perez, em 21 de maio de 1993, é julgado culpado pelo Senado de seu país das acusações de peculato e malversação de verbas públicas.
Perez havia ocupado o cargo de 1974 a 1979. Reeleito em 1989, o dirigente venezuelano resiste a um golpe militar ensaiado três anos mais tarde para ser preso em 18 de maio de 1995, condenado pelas acusações que o tiraram do poder.
Ernesto Samper Pizano foi eleito presidente da Colômbia em 1993. Dois anos depois, no mês de julho, Santiago Medina, tesoureiro da campanha presidencial de Samper, é preso sob acusação de ter ligações com o narcotráfico.
Medina afirma que a campanha do presidente colombiano foi abastecida com cerca de US$ 6 milhões vindos de narcotraficantes. Segundo o tesoureiro, Samper sabia da origem do dinheiro.
Em 14 de dezembro de 1995, o Comitê de Acusação da Câmara dos Representantes (deputados), dominado por membros do partido governista, absolve o presidente das acusações. Caso o comitê o tivesse condenado, Samper poderia vir a sofrer um impeachment.

Por dentro do Equador
Nome: República do Equador
Governo: República presidencialista
Capital: Quito
Território: 270.654 km2
População: 11,6 milhões de hab. (estimado em 1996)
PIB: US$ 18 bilhões (1995)
Dívida externa: US$ 14,9 bilhões (1994)
Moeda: sucre; 3.740 sucres = US$ 1

Inflação (% ao ano)
93 - 31
94 - 25,4
95 - 22,8
96 - 25,5

PIB (per capita em US$)
92 - 1.100
93 - 1.300
94 - 1.500
95 - 1.570

PIB (em bilhões de dólares)
92 - 12,4
93 - 14,5
94 - 16,8
95 - 18

Cronologia da crise
7.jul.96 - Abdalá Bucaram é eleito presidente
8.jan.97 - Medidas econômicas de ajuste. Início das passeatas de protesto
15.jan - Aumento do preço do gás. Manifestações se intensificam
16.jan - Aumento das tarifas de transporte
21.jan - Manifestantes é morta durante passeata
3.fev - Vice-presidente, Rosalía Arteaga, apóia eventual referendo sobre destituição do presidente. Ex-presidentes pedem saída de Bucaram do poder. Pesquisa revela que 52% da população quer renúncia do presidente
5.fev - Greve geral paralisa o país

Fontes: Banco Central do Equador; Bilan du Monde 1997, Quid 1997, "France Presse"

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