São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997 |
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Bicho transforma escola em empresa para gastar menos
FERNANDO PAULINO NETO
No desfile que começa hoje e termina na manhã de terça-feira, das 16 escolas do grupo especial, seis têm bicheiros como homens-fortes, quatro têm empresários, três procuram patrocínio de "pool" de empresas e três contam apenas com as receitas oficiais. A Liga, como a Liesa é conhecida entre os sambistas, organiza o desfile e conseguiu fazer com que as escolas de samba recebam uma quantidade de recursos que, segundo a Folha apurou, pode chegar até a R$ 1 milhão, no caso da campeã do ano passado, Mocidade Independente de Padre Miguel. O vice-presidente da Mocidade, José Manuel Gomes Leonor, 56, afirma que a escola recebe, de dinheiro oficial, R$ 650 mil. O restante viria dos ensaios, shows e venda de produtos com a marca Mocidade. Segundo ele, o patrono Castor de Andrade, afastado do dia-a-dia da escola por conta de problemas de saúde, hoje entra apenas com o salário do carnavalesco Renato Lage, que está há oito anos em Padre Miguel. O esquema profissional da escola de Vila Vintém cuida do resto. O salário de Lage não é revelado, mas é estimado por concorrentes em R$ 120 mil por ano. Se Castor hoje desembolsa pouco, o mesmo não acontece com seu colega de atividade e de fundação da Liga, Aniz Abrãao David, o Anísio, homem-forte da Beija-Flor de Nilópolis. "O nosso Carnaval sai barato porque o Anísio adianta todo o dinheiro e, em agosto, a gente já comprou o material com preço mais barato", afirma o carnavalesco Milton Cunha. A escola pretende gastar cerca de R$ 1,3 milhão para mostrar o enredo "A Beija-Flor é festa na Sapucaí". Da Liga, deve receber R$ 860 mil. O resto, R$ 540 mil, Anísio adianta, mas não vê de volta. Na Portela, onde Luís Carlos Scafura, filho de José Carlos Scafura, o Piruinha, é presidente, o esquema é o mesmo. O tesoureiro da escola, Valter Barone, o Sereno, diz que "o presidente faz o gasto e, talvez, ele receba de volta daqui a dois anos". Segundo Sereno, a escola deve gastar cerca de R$ 1,5 milhão no Carnaval. O carnavalesco Ilvamar Magalhães calcula menos, cerca de R$ 1,2 milhão. A Liga deve dar para a Portela R$ 600 mil. Próximo Texto: Carnaval na TV Índice |
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