São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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Padre Miguel junta tecnologia e 'chão' para tentar o bicampeonato

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Especialista no desfile "high-tech" -chamado de Spielberg do samba-, o carnavalesco Renato Lage, 46, da Mocidade Independente de Padre Miguel, conta com o chamado "chão" da escola para obter o bicampeonato.
A Padre Miguel é uma das escolas que participam do último dia de desfile das escolas do Grupo Especial do Rio.
'Chão" é o que se convencionou chamar de "samba no pé" agregado à garra dos integrantes. Isso não significa, porém, que a Mocidade virá com menos tecnologia.
"No ano passado, o 'chão' da escola foi uma grata surpresa", diz Lage. Ele se refere ao fato de seus efeitos especiais terem perdido a força porque a escola terminou se exibindo já com a luz do dia.
O imprevisto foi gerado pelo atraso do desfile, mas, mesmo assim, a escola conquistou o título.
Lage aposta no samba para que o "chão" funcione. A música de Chico Cabeleira, Joãozinho, Muca e J. Brito, um das mais executada na temporada pré-carnavalesca.
O enredo conta a história do corpo humano e encerra uma trilogia de Renato Lage iniciada com "Padre Miguel, orai por nós" (a alma), "Criador e Criatura" (o nascimento) e agora "De Corpo e Alma na Avenida" (o corpo humano).
Mesmo mantendo muita luz e neon nos carros -o abre-alas terá 140 mil lâmpadas pisca-pisca-, não haverá novidades nesse setor, segundo Lage. "As pessoas querem que eu mate um leão por dia."
"Temos um gerador de 80 quilowatts apenas para um carro, o que dá para iluminar dois quarteirões inteiros", diz ele.
Lage ousou em um ponto tradicionalíssimo: a fantasia de mestre-sala e porta-bandeira. Rogério e Lucinha, nota 10 em 96, vão sair de bailarinos clássicos.
Simples malha para ele e saia de tule para ela. Além disso, vão dar passos de balé clássico na avenida.
"Não em frente aos jurados. Lá, eles farão a dança tradicional de mestre-sala e porta-bandeira", diz. Eles serão acompanhados de um corpo de bailarinos clássicos.
A novidade preocupa outros mestres-sala como Chiquinho, da Imperatriz Leopoldinense.
"Sair em frente à bateria, com toda aquela gente, já atrapalha a concentração. Ainda mais com um monte de gente dançando balé do lado. Pode ser perigoso."
O mestre-sala da Beija-Flor, Claudinho, também está reticente. "A gente é rival, mas também é amigo e fica preocupado com o que pode acontecer na avenida."

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