São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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Brasil estuda técnica de doação espanhola

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 30 técnicos e médicos brasileiros vai aprender a metodologia empregada na Espanha com relação à doação de órgãos para transplantes. O Ministério da Saúde considera a Espanha um país a ser copiado nessa área.
Os brasileiros vão ser treinados por uma equipe de quatro técnicos da Central Nacional de Transplantes da Espanha durante o congresso da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, que deve acontecer entre os dias 6 e 10 de abril, em Brasília.
"Os espanhóis adquiriram uma experiência muito grande. A central deles foi implantada há dez anos", afirmou Antônio Joaquim Werneck de Castro, da Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde.
Além de adquirir o know-how espanhol, outra intenção do governo brasileiro é estabelecer um intercâmbio entre os dois países na área de transplantes.
Os brasileiros vão aprender com os espanhóis técnicas que vão desde a abordagem da família de um potencial doador, com o objetivo de obter os órgãos para doação, até o acompanhamento pós-transplantes de um paciente.
Com esse treinamento, os técnicos e médicos se tornarão os monitores na implantação da nova lei de doação de órgãos.
Segundo Castro, a Espanha tem uma lei de doação semelhante à sancionada na semana passada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Pela lei brasileira, todo cidadão é um doador potencial caso ele não manifeste uma vontade contrária em documento. É a chamada doação presumida.
No entanto, mesmo com a doação sendo compulsória, a família do possível doador continuará a ser consultada, segundo Castro.
Para tentar diminuir a resistência da parcela da população que é contrária à doação, o Ministério da Saúde vai deflagrar campanhas de conscientização da sociedade e de esclarecimento da nova lei.
Segundo dados do ministério, apenas 29% dos brasileiros são contrários à doação. O maior problema é que apenas 15% dos órgãos de potenciais doadores são extraídos. "Queremos chegar a 75% de captação", disse Castro.
A Espanha desenvolveu nos últimos anos um sistema informatizado que agilizou muito a captação do órgão e a identificação do receptor -pessoa que aguarda um transplante- mais indicado para recebê-lo. Esse sistema reduziu para quase zero a perda de órgãos.

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