São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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Consumo esquenta ações da Ponto Frio

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Natal passou, o verão corre solto e as redes de varejo continuam vendendo como água eletroeletrônicos e outros bens de consumo duráveis.
Ninguém sabe até quando o governo vai permitir essa festa no consumo, mas uma coisa é certa: quem comprou ações da Globex, dona da rede Ponto Frio, está rindo à toa neste Carnaval.
Até sexta-feira passada, a valorização de Globex PN no ano chegou a 21,89%, acima dos 18,13% de alta das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e à frente de Arapuã PN, com 18,8%, segundo a Economática.
Essa escalada da fluminense Globex tem um gostinho especial: a paulista Arapuã, do Grupo Fenícia, é a principal concorrente da Ponto Frio no comércio de bens duráveis, dentro e fora das Bolsas.
Com 221 lojas no país, a Ponto Frio é mais forte no Rio de Janeiro e quer agora brigar de frente com a Arapuã no mercado paulista, o mais importante, invadido pela rede fluminense em 1992, com a compra da Casas Buri.
Vem das 77 lojas Ponto Frio em São Paulo apenas 30% do faturamento líquido da empresa, de R$ 1,254 bilhão em 96. Como parte da estratégia para aumentar essa fatia para 50%, a Ponto Frio -terceiro maior anunciante do país, com verba anual de R$ 60 milhões- contratou o ator Antônio "Rei do Gado" Fagundes para estrelar uma campanha publicitária de R$ 4 milhões.
Povão
Tanto barulho tem por objetivo ampliar a venda financiada de produtos às pessoas das classes C e D, principais beneficiárias da queda da inflação, que só têm acesso às maravilhas eletroeletrônicas por meio do velho crediário.
A Ponto Frio vende a prazo 77% de seu faturamento, por meio do Banco Investcred, do mesmo grupo. Como é a mais capitalizada do ramo, ganhou muito dinheiro em 96 em cima dos juros explosivos do crediário (em torno de 6% ao mês, ou 101% ao ano).
Em dezembro, a Globex apresentou um lucro líquido (após impostos) de R$ 111,8 milhões, 42% superior ao de 95.
Analistas ouvidos pela Folha consideram "excelentes" a empresa e suas ações, lançadas em Bolsa em abril do ano passado. Há divergências, no entanto, quanto ao momento atual para a compra do papel.
Para o Unibanco -que fez o lançamento das ações da Globex junto com o Garantia-, a hora de comprar é agora. Os analistas Octávio Victor e Milton Cabral endossam a recomendação.
"As ações da Globex ainda têm um potencial de crescimento de 20% neste ano, acima do mercado", diz Cabral. "A empresa tem uma administração excelente, nunca deu prejuízo e tem uma boa política de concessão de crédito."
Recomendação
Os analistas Marcos Dal Collina, do Citibank, Graça Paiva, do Boavista e Daniela Harnist, do Bozano, Simonsen, também fecham questão quanto à qualidade da empresa, mas acreditam que o papel está no preço justo, isto é, adequado às perspectivas de lucro da companhia.
Os três recomendam a manutenção ("hold") de Globex PN e, assim como o Unibanco, disparam ordem de compra para as ações da Arapuã se o cliente quiser aproveitar a onda do consumo.
"Ambas atuam no mesmo segmento de mercado, mas a Arapuã está mais barata nas Bolsas", diz Collina. "O papel da Globex está caro", ecoa Paiva. "A Globex tem um lado operacional melhor que a Arapuã, mas suas ações já estão no preço", acrescenta Harnist.
Por caro entenda-se a relação P/VPA (preço dividido pelo valor patrimonial). Segundo a Economática, na sexta passada o indicador foi de 2,74 para a Globex e 2,38 para a Arapuã.

E-mail: papeis@uol.com.br

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