São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Palmeiras é um time modesto, sem imaginação

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Pelo que se viu sábado, em São José, o Palmeiras caiu no lugar-comum.
Claro que continua sendo um time forte, competitivo, candidato sério ao título. Pode -e deve- até melhorar muito sua produção ao longo da disputa. Mas já não tem mais aquele ar majestático de quem é, de fato e por lei, o melhor.
Muito menos emite sinais daquela luz mágica dos tempos de Luxemburgo. Limita-se apenas a jogar nos padrões convencionais. Diria mesmo: conservadores, já que, na ausência de Rincón, o técnico Márcio Araújo preferiu perfilar três médios de contenção no seu meio-campo, como apoio a um meia e dois atacantes.
Isso, para enfrentar o São José, um time de recursos limitadíssimos.
Acrescente-se a esse quadro uma indigência franciscana no banco, outrora de ouro, e teremos um quadro bem acabado do atual Palestra: modesto, sem imaginação nem ousadia.
Um retrato, enfim, que se sobrepõe perfeitamente ao perfil do seu treinador, tendo ao fundo a crise política que está apequenando esse monumento verde.
*
Um desastre a arbitragem feminina de sábado. Não necessariamente por ter sido feminina, mas por, eventualmente, ter sido simplesmente um desastre: dois pênaltis não assinalados -um de cada lado- e um gol legítimo de Viola anulado, além da equivocada expulsão, num lance absolutamente casual, de Cafu.
Seria mais do que o suficiente para botar qualquer marmanjo na geladeira eterna.
E o primeiro gol do campeonato acabou sendo fruto da grande mudança de comportamento dos juízes, determinada pela Federação: cumprir a lei ao pé da letra no que diz respeito a cobranças de falta.
Djalminha, esperto, rapidamente foi lá e encaçapou, enquanto os adversários hesitavam entre formar a barreira ou não.
Essa decisão haverá de acentuar o ritmo do jogo, sem dúvida, mas nada comparável à regra das 15 faltas utilizada no Rio-SP. Mesmo porque esta não permite falcatruas. Já a determinação atual permite que o jogador troque um cartão amarelo pelo retardamento da cobrança da falta, como sugeriu Rivelino, sábado, na Band. Entre outras coisas, a regra das 15 faltas restabelece a ética no futebol.
*
Se o Palmeiras rateou na saída, São Paulo, Santos e Corinthians deslizaram para a ponta do torneio sem maiores problemas.
O tricolor meteu 3 a 1 na Briosa, com um gol de despedida de Cláudio.
Vi o primeiro tempo, e restou-me a impressão de que, com os futuros reforços somados ao seu tradicional carisma, sob o comando de Muricy, haverá de se meter entre os favoritos ao título como aquele moleque chato na festa do rival.
Já o Corinthians, que vi no segundo tempo contra a Inter, claramente carece de mais treinamento. Longe esteve de ser aquele esquadrão que ainda está no papel.
Por fim, o Santos, que não vi. Mas, precisava? Mesmo de ressaca, meteu 3 a 1 no América, lá. O placar é a resposta.

Texto Anterior: 'Grandes' dominam início do Paulista
Próximo Texto: Palmeiras culpa a juíza por estréia decepcionante
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.