São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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MERCADOS À TONA

A América Latina recebeu US$ 30,8 bilhões em investimentos diretos no ano de 96, segundo relatório preliminar da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe). O valor é 43% maior que o de 95, e o Brasil foi o país que liderou a atração desses recursos. Isso mostra que, apesar do desequilíbrio nas contas externas, o país vem conseguindo manter sua credibilidade.
A pesquisa da Cepal aponta a entrada de US$ 8 bilhões no Brasil. Segundo o Banco Central, o dado preciso é de US$ 9,4 bilhões. A perspectiva para este ano, principalmente se as reformas do Estado ganharem impulso, mostra-se ainda mais favorável. O ministro Francisco Dornelles chegou a prever US$ 16 bilhões em investimentos diretos em 97.
Seria um exagero, entretanto, atribuir o significativo afluxo de 96, assim como o provável bom desempenho de 97, apenas ao ambiente interno do país. A grande liquidez dos mercados financeiros internacionais faz com que exista uma enorme quantidade de recursos em busca de ativos nos quais investir.
Duas forças se somam. De um lado, vários países latino-americanos atraem capitais ao implementar programas vistos com bons olhos pelos investidores. De outro, há um ambiente que estimula grandes agentes econômicos a buscar investimentos de maior risco e ganho potencial, já que, nas nações desenvolvidas, os juros estão relativamente baixos.
De fato, boa parte dos fluxos classificados como investimento direto refere-se a aplicações em Bolsas de Valores e em privatizações, destinos que com frequência mostram-se mais próximos da diversificação financeira que do investimento em novas unidades produtivas.
Tais números não chegam a indicar um boom econômico. A taxa de crescimento do Brasil foi modesta no ano passado. No entanto, é evidentemente animadora a perspectiva de vigorosos afluxos em 97. Além de servirem como uma compensação do desequilíbrio comercial, eles permitirão ao país dar continuidade à modernização de sua estrutura produtiva.

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