São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997 |
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Campo é foco de tensão entre Igreja e Estado
LUIS HENRIQUE AMARAL
Mesmo o grupo mais "conservador" da igreja, aquele que acredita que ela não deve imiscuir-se em problemas políticos, critica o ritmo da reforma agrária de FHC. "Tem faltado vontade política do governo para executá-la", disse em 96 o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Lucas Moreira Neves, expoente do bloco conservador. Os católicos vêem a terra como um bem legado por Deus para usufruto da humanidade. A propriedade da terra é aceita, desde que ela cumpra sua "função social" de produzir alimentos. Caso contrário, acreditam que ela deve ser entregue para quem necessite dela para obter sua subsistência. A CNBB mantém um organismo especialmente criado para acompanhar a questão agrária. Trata-se da Comissão Pastoral da Terra. Apesar da condenação de João Paulo 2º, a CPT defende as invasões de terra. A tese bate de frente com a posição do governo FHC, que as qualifica como "crime". Além da questão agrária, o governo FHC tem sido criticado pela CNBB por uma suposta "inércia" no trato dos problemas sociais. E pelo que considera "excesso de atenção" a grupos como a bancada ruralista e os banqueiros. Igreja e Estado O presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à Rede Católica de Rádio no final de dezembro, fez uma afirmação que atingiu o ex-presidente da CNBB, d. Luciano Mendes de Almeida, que tem se posicionado contra a privatização da Vale do Rio Doce. Ao ser questionado sobre a preocupação de d. Luciano sobre o assunto, FHC respondeu: "d. Luciano pode ficar tranquilo, porque o dinheirinho que ele recebe, vai continuar recebendo". O presidente se referia ao fato de a Vale do Rio Doce repassar 8% do seu lucro para as comunidades onde está instalada. Entre elas, a região de Mariana (MG), diocese de d. Luciano. Apesar da declaração infeliz, FHC recentemente somou pontos junto à igreja católica. Em janeiro, o ministro Sérgio Motta (Comunicações) autorizou o aumento da potência da Rádio 9 de Julho, da Arquidiocese de São Paulo, de 10 kw para 100 kw. Assim, a emissora, que deverá entrar no ar esse ano, poderá ser captada em toda a cidade. (LHA) Texto Anterior: Papa cobrará a reforma agrária de FHC na sexta Próximo Texto: O PAPA E SEUS BISPOS Índice |
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