São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Emprego sai da capital e vai para o interior de São Paulo

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O emprego industrial de São Paulo está migrando da região metropolitana para o interior do Estado. De janeiro a outubro de 96, o interior paulista registrou crescimento de 17 mil vagas nesse setor, entre os trabalhadores com carteira assinada, enquanto a região metropolitana apresentou queda de 48 mil postos.
Nesse mesmo período, o total de empregos formais -incluindo também os setores agrícola e de serviços- criados no interior foi de 66 mil, mas a região metropolitana perdeu 46 mil vagas.
"O processo de desindustrialização das regiões metropolitanas está tendo efeito sobre as micro e pequenas empresas do interior", explicou o ministro do Trabalho, Paulo Paiva.
Nesta década, a indústria de transformação já contabiliza a perda de 507 mil postos na região metropolitana. No interior esse efeito é menor, com redução de 189 mil vagas.
Em outras atividades econômicas, o emprego formal também tem desempenho melhor no interior do que na capital.
O setor de serviços, que registrou uma das maiores altas de preços depois do Plano Real, abriu 18 mil vagas no interior paulista e apenas 6.000 na região metropolitana.
O presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo), Joseph Couri, disse que a estabilização da economia trouxe um novo perfil industrial ao Estado.
Esse setor, de julho de 94 a dezembro de 96, registrou 45,6 mil novos postos de trabalho.
"O Plano Real provocou a terceirização e a expansão das micro e pequenas empresas", disse o empresário.
Segundo o ministro do Trabalho, a informalização do mercado de trabalho força a maior participação do setor terciário.
"Esse processo estimula o desenvolvimento das micro e pequenas empresas e a redistribuição espacial do emprego", afirmou.
Efeito negativo
Essa mudança traz também um efeito negativo: a queda da qualidade do mercado de trabalho.
As micro e pequenas empresas não têm a mesma cobertura de proteção das grandes. Muitos empregados não têm carteira assinada e vêem reduzidos os benefícios que antes eram pagos pela empresa, como, por exemplo, assistência médica e auxílio-creche.
"Essa questão não se resolve com crescimento econômico, mas com a melhoria do nível educacional da mão-de-obra", disse Paiva.
A média de crescimento da população é de 1,5% ao ano, e média de aumento da PEA (População Economicamente Ativa), de 2,8%. Isso significa que, a cada ano, mais pessoas estão procurando emprego.
A média de escolaridade da PEA é de quatro anos de estudo, a pior dentre os países do Mercosul. No Paraguai, por exemplo, esse índice é de 4,9 anos.

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