São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997 |
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'É melhor viver sem o peso de ter destruído os Beatles', diz Yoko
RAUL MOREIRA
Na Europa, onde é atração especial da turnê mundial do grupo Ima, do qual participa Sean, seu filho com Lennon, Yoko Ono falou sobre assuntos relacionados à convivência de seu marido com Paul McCartney e admite seu atual estado de graça. "É melhor viver sem o peso de ter destruído os Beatles", afirma. Sobre os líderes dos Beatles, ela disse numa revista inglesa: "John e Paul eram como irmãos, às vezes brigavam, é verdade, mas as belas canções que escreveram juntos só aconteceram porque eles se entendiam até a perfeição". Quanto à "guerra fria" entre os dois, alardeada pela imprensa nos anos 70, Yoko Ono desmente categoricamente: "Eles se amavam ao modo deles. A imprensa exagera, como sempre". Agradável Sobre os motivos que a fizeram mais "agradável" aos olhos dos fãs, ela diz que foi a sua atitude de liberar os direitos de "Anthology" e o fato de haver retomado a amizade com Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, o que favoreceu a histórica reunião dos três no ano passado. Também em 96, Yoko participou, juntamente com Paul McCartney e família, de um concerto em Hiroshima, relativo ao aniversário do bombardeamento da cidade japonesa. Na ocasião, ela foi a voz principal da música "Hiroshima Sky Is Always Blue". Tais atitudes acabaram cancelando a imagem de "bruxa" que ela carregou por muitos anos e que atrapalhou a sua carreira. Artista de vanguarda Yoko Ono sempre foi considerada uma artista de vanguarda. Já nos anos 60 influenciava a juventude beat inglesa com os seus quadros e a sua postura libertária, o que se reflete no disco "Two Virgins", realizado em parceria com Lennon. Hoje, os seus antigos críticos a reconhecem como uma personagem que antecipou muitas das coisas que hoje se tornaram comuns. "Estou feliz e surpresa com esta mudança, acho que é o sinal dos tempos. Tudo muda. Os rappers usam trechos de jazz, e os músicos da vanguarda percebem que existe o rock", filosofa. Pai e filho Os seus dois últimos discos, "Ono Box", de 92, e "Rising", do ano passado, também ajudaram a sua imagem, principalmente depois que estrelas como Bjork e P.J. Harvey disseram que ela é fonte de inspiração para a nova geração. Sobre a diferença entre trabalhar com o pai e com o filho, Yoko disse: "Na época de John, eu descobri que, com o rock, pode-se comunicar com a profundidade dos espíritos em dois simples acordes. Com Sean, eu descobri a vontade de experimentar os novos sons de hoje". Texto Anterior: LETRA Próximo Texto: Álbuns dos Rolling Stones são relançados Índice |
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