São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Justiça pára libertações por horas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma petição atrasou por algumas horas a libertação das 31 prisioneiras palestinas. Uma associação de vítimas do terrorismo pediu que a libertação fosse interrompida. Lamia e outras duas presas já estavam soltas, a essa altura.
Horas depois, a Justiça decidiu que a petição não seria aceita. A libertação das demais prosseguiu, então. As presas embarcaram em ônibus, nas prisões de Hasharon e Neve Tirza, e seguiram para Ramallah, onde deveriam encontrar o líder palestino, Iasser Arafat.
A polícia prendeu dois ativistas de direita que protestavam contra a libertação em frente a uma das prisões. Todas as mulheres, inclusive Lamia, assinaram compromissos de não cometer mais ataques terroristas contra Israel.
A petição rejeitada pela Justiça afetava apenas nove prisioneiras. Seus autores argumentavam que elas foram presas após a assinatura dos acordos de paz, e por isso não tinham direito à anistia.
Com a suspensão, as prisioneiras que ainda não haviam deixado suas celas, mas tinham autorização para fazê-lo, se recusaram a ir para a rua. Queriam que todas fossem libertadas juntas.
Testemunhas afirmaram que algumas mulheres chegaram a deixar a prisão, mas voltaram após saber que a Suprema Corte podia barrar a libertação das demais.
O caso Lamia
Lamia Maruf Hassan foi condenada por envolvimento em homicídio, mesmo se dizendo inocente.
Em 1984, ela usou seu passaporte brasileiro para alugar um carro com placas israelenses. Dirigindo, deu carona ao soldado judeu David Manos, que foi dominado por seu marido e por outro palestino, que estavam no carro.
O soldado foi morto e os três foram condenados pela Justiça Militar. Lamia e seu marido, Tawfic Ibrahim Mohammed, foram condenados a prisão perpétua.
Desde os acordos de paz, Lamia já esteve na iminência de ser libertada várias vezes, mas a gravidade do crime pelo qual foi julgada contribuiu para os adiamentos.
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que ontem visitava soldados israelenses feridos, lembrou que a promessa de libertar as prisioneiras havia sido feita originalmente pelo governo trabalhista, seu antecessor.
"Não é uma tática. Encaramos seriamente o cumprimento dos acordos, mas queremos ver se há uma reciprocidade do outro lado."

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