São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997 |
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Brasil perde terreno nas exportações
SHIRLEY EMERICK
Em 96, as exportações brasileiras representaram apenas 0,858% do total exportado no mundo, US$ 5,558 trilhões. No ano, o país exportou US$ 47,7 bilhões. Em 1980, a participação brasileira era de 1,055%. As exportações totalizaram naquele ano US$ 20,002 bilhões. Esses dados foram divulgados ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), com base nas informações da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O volume das exportações mundiais cresceu quase 200% de 80 a 96, enquanto as exportações brasileiras cresceram 138%. Com isso, a participação brasileira no comércio mundial caiu 0,19 ponto percentual nos últimos 16 anos. Nesse período, o pico das vendas externas brasileiras em relação ao mercado ocorreu em 84, com 1,499%. Os números da CNI mostram que o mercado financeiro tem razão ao se preocupar com a situação das contas externas. Ao fraco desempenho das exportações, soma-se o salto das importações, particularmente desde o início da abertura da economia. Com problemas nas duas pontas do comércio exterior, as previsões de déficit para este ano não são inferiores a US$ 8 bilhões. Custos O boletim de avaliação da CNI mostra que fatores estruturais, como os elevados custos da produção no país, são a principal dificuldade para o crescimento das vendas externas. Outra obstáculo para o fraco desempenho das exportações é a expressiva participação de produtos com baixo valor agregado. Nos últimos sete anos, segundo a CNI, cerca de 43% do valor exportado pelo Brasil está concentrado em produtos básicos e semimanufaturados. Isso significa que há uma importante participação de produtos de menor valor agregado. Produtos como aviões, computadores, automóveis de passageiros e autopeças, mais elaborados e de alto valor, representaram apenas 1% da receita global das exportações em 96. Restrições A CNI não espera uma reversão desse comportamento no curto prazo. Embora reconheça a ação do governo para aumentar a competitividade do setor exportador, a entidade quer ainda outras mudanças. "As medidas de incentivo às exportações precisam ser complementadas e aprofundadas para que se consiga remover os fatores que têm impedido uma expansão consistente das exportações brasileiras", diz o texto. As restrições de alguns mercados também são apontadas como desestimuladoras pelo comércio externo brasileiro. No Japão, por exemplo, a tarifa média de importação é elevada e há restrições para a compra de carne bovina industrializada, café, açúcar, fumo e calçados. Subsídios Os subsídios agrícolas concedidos aos produtos americanos e europeus desfavorecem, de acordo com o boletim, as condições de competitividade dos produtos brasileiros. Os empresários querem a redução do "custo Brasil" (custos das empresas com a deficiência dos serviços de infra-estrutura), atrair a participação de empresas de pequeno e médio portes na atividade exportadora e diversificação da pauta de exportação. Próximo Texto: 1ª semana já gerou US$ 912 mi Índice |
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