São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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Exposição apresenta acervo de d. Pedro 2º

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, está mostrando o acervo fotográfico inédito de d. Pedro 2º (1825-1891), batizado com o nome da mulher, Thereza Cristina Maria.
Durante sua vida, o imperador colecionou cerca de 25 mil fotos e, antes de ser banido para Portugal, com o estabelecimento da República (1889), doou a coleção à Biblioteca Nacional.
A equipe técnica da entidade já recuperou 6.000 registros, com recursos fornecidos pela fundação mantida pelo banco, dos quais foram escolhidos 207 para o evento.
Retratos, arquitetura, urbanismo, artes plásticas, biologia e obras de engenharia são os temas mais significativos da época.
Os trabalhos originais mostram daguerreótipos, desenho sobre a foto, fotopintura, cartões-postais e reproduções estereoscópicas.
A daguerreotipia foi a base do processo considerado a descoberta do século.
Foi desenvolvida pelo pintor e decorador francês Louis Daguerre (1787-1851), registrando as imagens sobre placas de cobre recobertas com prata e sensibilizadas por vapores de iodo.
O governo francês reconheceu a invenção em 19 de agosto de 1839, e a notícia chegou à corte brasileira em janeiro de 1840, anunciada pelo "Jornal do Commercio".
Nessa mesma época, d. Pedro, com 14 anos, participou das primeiras tomadas feitas na América Latina pelo capelão francês Louis Compte, que aportava no Rio a bordo da corveta L'Orientale.
O entusiasmo pela experiência levou o imperador a adquirir uma máquina por 250 mil réis na loja do importador Felício Luzaghy.
Incentivo
Na prática doméstica, d. Pedro foi o primeiro brasileiro a usar o processo e, possivelmente, o primeiro imperador do mundo.
No entanto, d. Pedro não era apenas admirador e colecionador de fotos.
O incentivo à técnica e seu gosto pela arte levaram ministros e conselheiros da Corte a criar estratégias econômicas, utilizando a fotografia como propaganda do país.
No exterior, as demonstrações foram efetuadas nas exposições de Paris, Londres, Amsterdã e Antuérpia, que mostravam a evolução da indústria e da economia.
Enquanto a imagem de nossas reservas minerais e vegetais se propunham a atrair a mão-de-obra e o capital europeus, a fotografia e seus métodos de impressão faziam sucesso, revelando a qualidade dos artistas brasileiros.

Exposição: A Coleção do Imperador - Fotografia Brasileira e Estrangeira no século 19
Onde: Centro Cultural do Banco do Brasil (1º andar) (r. Primeiro de Março, 66, tel. 021/216-0237, centro, Rio de Janeiro)
Quando: até 23 de março; de terça a domingo, das 10h às 22h
Quanto: entrada franca

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