São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
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US$ 68 mi é perda mensal

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A protelação da venda da Companhia Vale do Rio Doce está custando cerca de US$ 68 milhões por mês ao Tesouro Nacional, segundo estudo divulgado por Ronaldo Magalhães, presidente do Comitê de Investimentos da Câmara Americana de Comércio de São Paulo e gerente de desenvolvimento de negócios do Banco Sul América.
Isso significa que o país perde aproximadamente US$ 410 milhões a cada seis meses, enquanto prossegue a polêmica sobre a privatização da Vale entre o governo e os opositores à venda da estatal.
Segundo o vice-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Pio Borges, a privatização deverá ocorrer em meados de abril.
Magalhães analisou a diferença que existe entre o alto custo da rolagem da dívida pública e os baixos dividendos pagos pela Vale ao Tesouro.
Usando a taxa de rolagem da dívida, atualmente em torno de 17% ao ano, e levando em conta o dividendo de cerca de 1% do patrimônio líquido em dólar pago historicamente pela Vale ao Tesouro, Magalhães concluiu que o governo arca com um custo de 16% para manter a estatal.
Para fazer sua estimativa dos prejuízos ao Tesouro causados pelo atraso na privatização, Magalhães usa a cifra de US$ 10 bilhões como o valor da estatal.
"Como a participação do Tesouro na Vale é de US$ 5,1 bi (51%), se o governo tivesse vendido a empresa por US$ 10 bilhões, poderia ter quitado parte da dívida pública", diz.
Como não o fez, afirma, a rigor é como se tivesse captando US$ 5,1 bilhões no mercado, o que está custando para ele 17% ao ano. Por manter esses US$ 5,1 bilhões de participação na Vale, o governo está ganhando 1% ao ano. Assim, raciocina, a diferença entre o que o governo paga de juros e o que recebe de dividendos é igual a 16%.
Magalhães diz que a Vale precisa ser privatizada para que o governo saia da "situação surrealista" em que se encontra.
Isso porque a União está deixando de usar a venda de ativos, tais como sua participação acionária em empresas estatais, como uma alternativa de baixo custo para reduzir a dívida pública.
O governo tem recorrido à captação de recursos no mercado aberto, representando um sacrifício dispendioso para o Tesouro Nacional, argumenta Ronaldo Magalhães.

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