São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
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Distrito Federal já possui 1.800 clientes

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro "banco do povo" no Brasil foi criado no Distrito Federal, em dezembro de 95, pelo governo Cristovam Buarque (PT).
Oficialmente, chama-se Funsol, Fundo de Solidariedade para Geração de Emprego e Renda.
Hoje, o "banco" tem 1.800 clientes. O valor médio dos empréstimos é R$ 2.700. A inadimplência oscila entre 2,5% e 2,7%.
Pelas regras do Funsol, cada microinvestidor pode tomar emprestados, no máximo, R$ 5.000. Cooperativas ou empresas associativas podem receber R$ 5.000 por cooperado, até o limite de R$ 25 mil.
Por ser o primeiro, o "banco do povo" do DF travou uma batalha especial com a burocracia do BC (Banco Central) para livrar os empréstimos populares da taxa de 12%, relativa ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A isenção só saiu depois que a presidente do Conselho Consultivo do Programa Comunidade Solidária, Ruth Cardoso, intercedeu junto ao BC, em abril de 96.
O Funsol começou com R$ 4,5 milhões do orçamento do governo do DF. O valor cresceu para R$ 12 milhões a partir da associação do Funsol com o banco do governo do DF, o BRB (Banco de Brasília).
A Secretaria de Trabalho e o BRB administram o "banco do povo". O BRB empresta R$ 2 para cada R$ 1 que o governo coloca no fundo.
Os microinvestidores vão de costureiras a carroceiros, de vendedores de cachorro-quente e pipoca a cozinheiras.
Ninguém precisa ter bens para dar em garantia. Basta só o testemunho de alguém que garanta a seriedade do candidato.
O financiados fazem treinamento inicial de dois dias e, já produzindo, outro mais detalhado, com seis semanas de duração, dado pela Universidade de Brasília.
Segundo o secretário do Trabalho, Pedro Celso, "o microinvestidor recebe noções de marketing pessoal, de vendas, dados sobre a realidade do mercado onde atua".
A mais nova experiência de crédito do "banco" do DF é o financiamento de franquias populares.
Uma fábrica de sorvete do DF, dona de uma marca conhecida na região, interessou-se em expandir as vendas.
Os vendedores nas cidades-satélites do DF recebem do "banco do povo" financiamento para comprar até dois freezers e cinco carrinhos de vendas.
Segundo o governo do DF, os donos dos freezers e dos pontos centrais de venda estão lucrando cerca de R$ 1.400 por mês. Os vendedores ambulantes dos picolés tiram, em média, R$ 300 por mês.
(RN)

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