São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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'Miséria é feiosa', diz delegado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Responsável pela apuração da chacina, o delegado Mário de Freitas Azevedo comandou há quase dois anos a operação policial que resultou na morte de 13 supostos traficantes da favela Nova Brasília, Bonsucesso (zona norte do Rio).
Policial há 30 anos, Azevedo, 52, esteve à frente da equipe da DRRFCEF (Divisão de Repressão a Roubos e Furtos Contra Estabelecimentos Financeiros) que em 8 de maio de 1995 invadiu a favela e matou os suspeitos.
A acusação de moradores de que os policiais chacinaram os favelados não deu em nada. O inquérito concluiu que as mortes ocorreram em trocas de tiros.
Azevedo está na direção da 54ª DP, em Belford Roxo, há um mês. Segundo ele, no município são cometidos por mês uma média de 30 assassinatos.
O delegado afirma que a violência está enraizada na população de Belford Roxo, que na década de 70 chegou a ser considerado o local mais violento do mundo.
"A violência aqui é o produto da miséria e do caldo de cultura da impunidade. Não é fácil resolver estes dois problemas. Depende da melhoria das condições de vida."
Com cerca de 300 mil habitantes, Belford Roxo faz limite com outros municípios miseráveis da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu, São João de Meriti e Duque de Caxias.
"Aqui no município há a miséria absoluta mesmo. Dá até medo de ver. Ela é feia. A miséria absoluta é feiosa", disse o delegado.
(ST)

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