São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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São Caetano interdita 4 funerárias

DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD; DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Caetano (Grande SP), Luiz Tortorello (PTB), determinou ontem a suspensão do alvará de funcionamento de três empresas funerárias envolvidas em denúncias de tráfico de órgãos.
A suspensão deverá vigorar até o fim das investigações sobre as funerárias Oswaldo Cruz, Migliatti e Central.
Em seu despacho, Tortorello afirma que a autorização de funcionamento será definitivamente cassada se as irregularidades forem comprovadas pela polícia.
"As denúncias trouxeram um clima de insegurança e intranquilidade à cidade", afirmou. Outras quatro funerárias continuarão a operar normalmente na cidade.
O prefeito disse que enviará nesta semana à Câmara Municipal projeto de lei criando um serviço funerário municipal. "São Caetano é a única cidade da região do ABCD que não tem serviço municipal. Não sei o porquê, mas todas as funerárias são privadas", disse.
Segundo ele, um serviço funerário sob o controle da prefeitura dificultaria irregularidades.
O ex-diretor do pronto-socorro municipal de São Caetano Edson Raddi disse ontem que acha "estranho" o fato de os atestados de óbito citarem o pronto-socorro como local da morte.
"Pouquíssimas pessoas morrem no pronto-socorro de São Caetano. Os casos graves são enviados a hospitais, incluindo o Heliópolis", afirmou Raddi, que foi diretor do hospital entre janeiro de 1993 e dezembro de 1996.
O oficial do cartório de São Caetano, Flávio José Grecco, também afirmou que desconhecia o esquema. "O trabalho do cartório é simplesmente registrar a morte, a partir do atestado de óbito assinado por um médico", disse.
Intervenção
A direção do Hospital Heliópolis mudou todo o corpo de funcionários do necrotério, que seria um dos setores envolvidos na falsificação de atestados de óbito.
Desde ontem, funcionários anteriormente lotados na administração processam uma "intervenção" no setor.
Na última sexta-feira, quando o escândalo foi revelado, a direção do hospital afastou 24 funcionários suspeitos de irregularidades. Ontem, outros três funcionários foram afastados.
Os 27 suspeitos trabalhavam em quatro setores do hospital: alta, admissão, necrotério e zeladoria.
A direção do hospital também teria proibido que funcionários de funerárias fizessem plantão na porta do necrotério.
Sindicância
O Conselho Regional de Medicina (CRM) abriu ontem uma sindicância para apurar o esquema Heliópolis.
Monteleone vai requisitar também uma cópia do inquérito policial para saber se há mais médicos envolvidos no esquema. A direção do hospital também será ouvida.
Segundo o CRM, em 1989, Martinez foi denunciado por falsificar atestados médicos em uma empresa. Ele respondeu processo por exercício ilegal da medicina e foi condenado a um ano e dois meses. Ele cumpriu a pena em liberdade.
Martinez foi intimado a depor na 2ª delegacia seccional ontem. Mas até as 19h, não havia comparecido.

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