São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Brasil decide importar eletricidade da Argentina

WILSON SILVEIRA
COORDENADOR DE EDIÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai importar energia elétrica da Argentina para evitar racionamento ou blecaute nas regiões Sul e Sudeste.
A intenção é comprar 1.000 megawatts de potência, o que representa cerca de 7 milhões de megawatts/hora por ano de energia elétrica, o suficiente para suprir as necessidades da Grande Recife, por exemplo.
O contrato de importação deve vigorar por 20 anos. Ao longo desse período, Furnas e Eletrosul vão pagar uma quantia estimada em R$ 5 bilhões ao fornecedor.
O Brasil já compra energia elétrica do Paraguai (a produção excedente da usina de Itaipu) e estuda a possibilidade de importar da Venezuela, para abastecer principalmente Boa Vista (RR).
As regiões Sul e Sudeste correm o risco de blecaute ou racionamento desde o ano passado. Essa ameaça foi amenizada pelas fortes chuvas dos últimos meses, mas a situação volta a ser crítica no ano que vem. A previsão é que a energia argentina esteja disponível no Brasil em dois anos.
Audiência
A primeira etapa da compra será realizada nesta quinta-feira, às 14h30, quando haverá uma audiência pública no Centro de Aperfeiçoamento e Formação da Eletrosul, em Porto Alegre.
Nessa audiência, exigida pela Lei de Licitações, os interessados terão acesso a todas as informações relativas à concorrência internacional.
O aviso da audiência, publicado no "Diário Oficial da União" do último dia 12, direciona a licitação para o "mercado mayorista" argentino, representado por seu sistema interligado.
Esse direcionamento vai ser questionado na audiência pública pela Apine (Associação Brasileira de Empresas Produtoras Independentes de Energia Elétrica).
Criada há um ano, a Apine representa 39 empresas do ramo de energia elétrica ou que financiam esse setor, como Pirelli, Rolls Royce Power Ventures Inc., Inepar S/A Indústria e Construções e ABN-Amro Bank S/A.
O diretor-executivo da Apine, Mário Menel, disse que há alternativas à energia argentina. Citou, como exemplo, a construção de térmicas a gás na Argentina ou térmicas a carvão no Brasil.
Se for mesmo concretizado o negócio com a Argentina, os investimentos necessários serão feitos por quem vencer a licitação.
Segundo Menel, há pelo menos três grandes grupos argentinos -associados a multinacionais- aptos a fornecer essa energia.

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