São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Jogar para valer

JUCA KFOURI

Quatro rodadas e 32 partidas depois, o Campeonato Paulista teve até aqui apenas quatro jogos de verdade e duas zebras. Palmeiras 4, Portuguesa 1; Guarani 3, Santos 2; Santos 2, Lusa 1 e Corinthians 2, São Paulo 2 foram os jogos para valer. Os empates do Corinthians e do Guarani diante de Mogi Mirim e América foram as zebras, porque os pontos que a Lusa perdeu diante de times menores nem podem ser considerados surpreendentes, já que a Lusa mal teve tempo de se preparar para a competição.
Pelo Brasil afora a história se repete: um monte de partidas e jogos mesmo muito poucos.
Claro que se é mais fácil para o Palmeiras golear o Juventus do que um simples coletivo entre seus titulares e reservas, a capa de partida oficial permite exclamações admiradas em lances tão brilhantes como os de Djalminha e Viola no último domingo.
Mas é inegavelmente mais convincente verificar o que fizeram Vágner e Alessandro no disputado jogo entre Santos e Lusa, embora, mais uma vez, num gramado abaixo da crítica.
Daí ser absolutamente óbvio que o futebol mais marcante da temporada até agora tenha sido o mostrado no Torneio Rio-São Paulo e, principalmente, o de Grêmio e Cruzeiro no Mineirão, pela Libertadores.
Menos mal que amanhã veremos a dupla Ro-Ro em ação, por mais que também dessa vez o adversário não seja lá essas coisas.
Aliás, de amistosos em amistosos -como são a imensa maioria das partidas dos campeonatos estaduais -, o perigo é o nosso jogador se habituar a não competir para valer e se dar mal quando enfrentar adversários duros em torneios de verdade.
Não tem sido outra, por sinal, a história de insucessos da seleção brasileira em todas as competições de que participou após o tetra.
O próprio Palmeiras é prova disso. Depois de passear brilhantemente no primeiro semestre do ano passado, ganhando o campeonato estadual em ritmo de valsa, perdeu as taças mais valiosas exatamente para as equipes que estão representando o Brasil na Libertadores.
*
Responda rápido: você acredita que são mesmo profissionais os 501 clubes que se apresentam como tais no Brasil? E que nosso imenso patropi tenha mais clubes profissionais que a Inglaterra, Itália, Espanha e Argentina somadas?

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