São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Polícia nega terror no Empire State

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

A polícia de Nova York acredita que o palestino Ali Abu Kamal cometeu um ato de violência isolado e sem motivação política quando atirou em sete pessoas no 86º andar do Empire State Building, anteontem à tarde.
O músico dinamarquês Christoffer Burmeister, 27, guitarrista do grupo de rock Bush Pilots, morreu na hora. As outras seis pessoas atingidas estão internadas em Nova York, três delas em estado grave. Kamal deu um tiro na cabeça e morreu seis horas depois.
"Nós não temos razão para não acreditar que se tratava de um pessoa perturbada que agiu sozinha", disse ontem o comissário de polícia de Nova York, Howard Safir.
O Empire State Building foi fechado para turistas ontem e deve ser reaberto hoje.
Viúva
Kamal, 69, morava em Gaza (território sob administração palestina) e chegou a Nova York no dia 24 de dezembro, vindo do Cairo (Egito). Segundo sua viúva, Fathia Abu Kamal, 55, ele teria ido aos EUA buscar um investidor com quem abrir uma empresa.
Fathia afirmou que seu marido teria ficado desesperado depois de perder cerca de US$ 500 mil que supostamente trazia com ele.
"Meu marido não é um terrorista, ele apenas estava sem esperança", afirmou. A perda do dinheiro teria tornado impossível o pagamento da faculdade do filho do casal, que estuda na Rússia.
O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, criticou ontem a facilidade com que se compram armas em alguns Estados.
Kamal conseguiu comprar a arma do crime, uma Beretta semi-automática calibre .380, na Flórida. Ele se hospedou em um motel, obteve uma identidade estadual provisória e comprou a arma sem problemas.
"Isso é um absurdo", afirmou Giuliani. Segundo ele, a legislação da Flórida é mais rigorosa na concessão de carteiras de motoristas do que na compra de armas.
O prefeito pediu uma legislação rigorosa para a compra e porte de armas que se aplique em todos os Estados do país.
Informações obtidas pela polícia indicam que Kamal era professor de inglês da Universidade de Gaza.
Checagens feitas pelo FBI em vários países não conseguiram estabelecer qualquer vínculo de Kamal com organizações políticas.
O genro de Kamal, Ramez Dahashan, disse que a situação é exatamente oposta. Segundo ele, Kamal teria sido vítima de um sequestro realizado pelo grupo Jihad (guerra santa) Islâmica em 1992.
Howard Safir disse que, aparentemente, Kamal estava pela primeira vez nos EUA.
Giuliani afirmou que uma série de empresas e pessoas ofereceram doações para ajudar as vítimas. Uma das empresas já teria doado US$ 5.000. O prefeito nomeou três pessoas para administrar as doações, que serão destinadas às famílias das vítimas.

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