São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Israel vai construir em Jerusalém oriental

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo israelense aprovou ontem a construção de 6.500 casas para judeus na parte oriental de Jerusalém. A área é reivindicada pelos palestinos, e teme-se que a decisão desencadeie uma onda de violência.
As casas serão erguidas no morro Jabal Abu Ghneim, chamado de Har Homa por Israel. A área foi ocupada na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
"Decidimos que a construção dentro dos limites do município de Jerusalém é algo alheio aos acordos de paz de Oslo", disse o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu.
Os limites da cidade foram estabelecidos por Israel e não são reconhecidos internacionalmente.
"Nossa visão da paz inclui a coexistência pacífica e a harmonia entre israelenses e palestinos, judeus e árabes, e estamos seguindo esse princípio na decisão de hoje", afirmou Netanyahu. O projeto prevê também a construção de 3.000 casas para árabes.
Segundo os acordos de paz, o status final de Jerusalém deve ser decidido em negociações a serem concluídas até 1999. Os palestinos querem que a parte oriental da cidade seja a capital do Estado que pretendem criar.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, convocou uma reunião de emergência para discutir as consequências da decisão.
"Esta decisão é uma violação séria do processo de paz e um grande golpe nos acordos", afirmou Ahmed Abdel-Rahman, secretário-geral da ANP.
Os palestinos alertaram que o projeto pode desencadear uma onda de violência semelhante à ocorrida em setembro último.
Choques deixaram um saldo de 61 palestinos e 15 soldados israelenses mortos. O conflito ocorreu por causa da abertura de um túnel perto de locais sagrados para os muçulmanos.
"Tudo está pronto para explodir", disse Faiçal al Husseini, representante palestino em Jerusalém. Apesar do clima de tensão, Israel não mandou reforços para a área onde serão erguidas as casas.
Fontes israelenses disseram que, caso haja conflito, serão deslocados tanques e atiradores para áreas da Cisjordânia onde Israel mantém o controle militar.
Militares israelenses afirmaram ao comitê ministerial que não esperam ações violentas por parte de palestinos, pelo menos até o início das obras. A construção começa em duas semanas.
Críticas
Após o anúncio da decisão, um porta-voz da Casa Branca disse que os EUA consideram que a decisão "complica uma situação que já é complicada".
A União Européia emitiu comunicado em que "deplora profundamente" o novo assentamento.
O rei Hussein, da Jordânia, também condenou a decisão. O governo jordaniano disse ontem que ele estava em contato com líderes árabes para analisar a situação.

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