São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Aprovada emenda a nova lei de imigração

Incidente diplomático envolve chanceler

BETINA BERNARDES
DE PARIS

A Assembléia Nacional da França aprovou na noite de ontem, por uma diferença de cem votos, a emenda ao artigo mais polêmico do projeto de lei sobre imigração do ministro Jean-Louis Debré.
Foi o artigo 1º que originou o movimento social que resultou nas passeatas de 100 mil pessoas em Paris no sábado e no protesto de outras 30 mil anteontem.
Com a emenda, o estrangeiro vindo de um país em que haja exigência de visto para entrar na França deve comunicar à polícia sua saída do território francês, por meio de um certificado.
Esses documentos serão arquivados pelos Departamentos (equivalentes aos Estados brasileiros) por um período de três meses.
O Partido Socialista, que procurou adiar ao máximo a votação da emenda, disse que esses arquivos transformarão os anfitriões franceses "em pré-suspeitos".
A chamada Lei Debré provocou também um incidente diplomático entre a França e o Parlamento Europeu, que havia pedido a retirada do projeto.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores francês, Hervé de Charette, declarou que o convite à retirada mostrava que o Parlamento Europeu "não é ainda um Parlamento digno desse nome".
O presidente da instituição, José-Maria Robles, em visita a Paris, não compareceu a um encontro marcado com Charette, previsto para a tarde de ontem. Ele exigia um "esclarecimento" sobre a declaração do ministro, que acabou não sendo feito.
Anteontem, manifestações em Paris e em Toulouse (sul do país) acabaram em violência. Na capital, centenas de pessoas concentradas em frente à Assembléia Nacional retiraram as grades que separavam o público do prédio e jogaram alimentos nos policiais.
Outro grupo quebrou vitrines de lojas do Quartier Latin. Cerca de 22 policiais ficaram levemente feridos nos enfrentamentos, 80 pessoas foram interrogadas, e outras 5, indiciadas.

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