São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Medicina da USP deve ter sua 1ª titular

Professora passa por homologação hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em seus 103 anos de história, a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) pode ter uma mulher como professora titular.
Após vencer concurso para a cadeira de patologia, a professora associada Maria Irma Duarte, 45, passa hoje pelo processo de homologação de seu nome pela congregação da faculdade.
Segundo o diretor da faculdade, Marcelo Marcondes Machado, o nome de Maria Irma deve ser homologado. "Via de regra, o professor aprovado no concurso tem seu nome ratificado pela congregação e posteriormente confirmado pela reitoria da universidade", afirmou Machado.
Concorrência
A cadeira de patologia ficou vaga no final do ano passado, com a aposentadoria do antigo titular, professor Tales de Brito.
Maria Irma disputou a vaga com outros quatro professores associados: Gregório Montes, Carlos Corbett, Sergio Rosenberg e Antônio Cesso.
A prova teve três fases: análise de currículo, arguição oral e aula de erudição sobre um tema escolhido pelo próprio candidato. Maria Irma teve nota máxima nas três avaliações e superou os concorrentes.
Embora todos neguem publicamente, a Folha apurou que dois dos derrotados tentaram contestar o resultado do teste, com o objetivo de forçar a realização de uma nova escolha.
Além do fato inédito de a candidata a titular ser uma mulher, a pernambucana Maria Irma teoricamente levava outra desvantagem em relação aos rivais.
Ela é a única concorrente que não se formou pela Faculdade de Medicina da USP. Seu diploma foi obtido na Universidade Federal de Pernambuco.
Machado nega qualquer preconceito contra Maria Irma: "Ela teve méritos, mereceu ser aprovada e agora irá dirigir um dos maiores departamentos da faculdade".
Ele considera que a aprovação de Maria Irma marca o início de uma fase de maior participação feminina na faculdade. Segundo ele, as mulheres representam cerca de 50% dos estudantes da faculdade.
"É natural que cada vez mais mulheres optem pela carreira acadêmica e consigam chegar à cadeira de professor titular."

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