São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Joalheiro assaltado seis vezes quer fechar loja

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter sua loja assaltada seis vezes nos últimos 14 anos, o empresário Alencar Burti, 66, está pensando em fechar a joalheria Matisse e mudar de cidade.
Anteontem, Burti colocou em frente à loja, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, 653 (Jardim Paulistano, zona oeste de São Paulo), uma faixa pedindo a "compreensão" dos amigos e clientes por ter que manter cerradas temporariamente as portas da joalheria.
Embora fale em fechar a Matisse provisoriamente, Burti não descarta a hipótese de nunca mais abrir a joalheria, de sua propriedade há 30 anos.
"Não dá mais", disse Burti à Folha. O joalheiro é ex-presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). "Estou como um lutador de boxe. Após o sexto assalto, jogo a toalha."
Burti, que casa hoje um de seus quatro filhos, compara o possível fechamento da Matisse ao funeral de um ente querido. "É como enterrar um filho", afirmou o empresário. "Estou quase fechando o caixão."
O empresário, que também é dono de uma concessionária de veículos, não estava na loja na hora do último assalto, na manhã de sábado passado.
Às 6h, dez homens armados com metralhadoras invadiram a joalheria, mantiveram 11 pessoas (inclusive três seguranças) como reféns por quatro horas e meia e limparam os três cofres da loja.
"Não ficou nada", disse Jordi Vieira, 27, caseira da joalheria, que foi a primeira pessoa a ser dominada pelos assaltantes. Burti não revela o montante do prejuízo.
Para não ser identificados, os assaltantes estavam com os rostos cobertos por capuzes ou camisas.
Renata, filha de Burti, que administrava a joalheria, foi uma das pessoas rendidas.
Não houve violência física, mas os assaltantes ameaçaram matar os reféns se os cofres não fossem abertos.
"O maior problema é o trauma psicológico que fica dessa sucessão de roubos", disse Burti. Por isso, o empresário pensa em se mudar para o interior, em busca de maior segurança.
Burti estava presente em duas ocasiões em que a loja foi assaltada. "Já cheguei a ter uma pistola 9 milímetros apontada dentro da boca num desses assaltos", disse Burti.
Além de ter sua joalheria assaltada frequentemente, o empresário foi quatro vezes vítima de pequenos furtos nas ruas de São Paulo. Sua mulher foi roubada duas vezes e todos os seus filhos também já foram assaltados fora de casa.

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