São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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O livro

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

Não bastasse a banda já ser um dos maiores fenômenos da história do pop britânico com apenas dois discos lançados, o grupo inglês Oasis vai crescer ainda mais nos próximos anos.
Esta é a avaliação de Paolo Hewitt, 38, que lançou no mês passado na Inglaterra a maior biografia autorizada sobre o quinteto de Manchester.
"Getting High: The Adventure of Oasis" (Indo para o Alto: A Aventura do Oasis) já vendeu 10 mil cópias em um mês (considerado um best seller para livros com capa dura e mais de 300 páginas) e acaba de entrar na segunda edição.
No livro, Hewitt conta desde a infância turbulenta dos irmãos Noel (guitarrista) e Liam (vocalista) Gallagher, à criação do grupo em Manchester, o relacionamento do quinteto e as turnês.
"Eles são muito amigos. Não há o menor risco de se separarem", disse Hewitt em entrevista à Folha, contrariando boatos de agosto passado, quando os irmãos Gallagher brigaram depois que Liam desistiu de cantar no meio de uma turnê aos EUA.
Segundo o biógrafo, o sucesso do grupo (o álbum de estréia "Definitely Maybe" não sai da lista dos mais vendidos desde 1994 e "(What's the Story) Morning Glory?", desde 1995) é explicado pelo apelo que ele tem para as classes sociais mais baixas.
"Eles representam uma parte da população que, neste país, esta cada vez mais pobre. De algum modo, eles falam a mesma língua que essa classe achatada. E nunca deixaram de ser eles mesmos, mesmo sendo estrelas pop."
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Folha - Por que você decidiu fazer uma biografia sobre o Oasis?
Paolo Hewitt - Fui ver o Oasis em 1994 e fiquei impressionado. Na época, comprei três singles: "Supersonic", "Shakermaker" e "Live Forever". Gostei especialmente do "Live Forever", que é um clássico. Como já tenho quatro livros sobre músicos e estilos, a editora me convidou para escrever a biografia deles. Topei.
Folha - Quanto tempo demorou entre pesquisa e redação?
Hewitt - Comecei em 1995. Fui a Manchester (cidade no norte da Inglaterra, onde o grupo começou a carreira) para conversar com a mãe dos Gallagher e entrar na vida deles. Adorei essa parte. Todo o livro demorou um ano e meio.
Folha - Você se considerava um fã deles antes de escrever?
Hewitt - Sim. Escrever é muito difícil e estressante. Se você fala sobre alguma coisa que só gosta um pouco, é impossível chegar até o fim. Para mim, o Oasis se encaixava como alguma coisa que vale a pena gastar o tempo.
Folha - O que há de especial sobre o Oasis? O que faz com que eles façam tanto sucesso?
Hewitt - O que há de especial neles não tem a ver só com a música. Eles representam um monte de coisas e um monte de gente neste país. "Wonderwall" (do álbum "Morning Glory?") atingiu gente de 12 a 60 anos. O mais interessante é que eles também representam uma parte da população que, neste país, esta cada vez mais pobre. De algum modo, eles falam a mesma língua que essa classe achatada. E nunca deixaram de ser eles mesmos, mesmo sendo estrelas pop.
Folha - Como você conseguiu a entrevista com Peggy Sweeney (a mãe de Noel e Liam)?
Hewitt - Foi Noel quem sugeriu, porque ela daria uma boa visão sobre a sua infância.
Folha - O que você acha que vai acontecer com o grupo?
Hewitt - O Oasis vai crescer cada vez mais, sem parar.
Folha - Não acha que eles podem se separar a qualquer instante?
Hewitt - Não. Eles são realmente bons amigos. Não há risco.

Onde encomendar - livraria Cultura (tel. 011/285-4033); o livro custa 15,99 libras (R$ 27) nas livrarias de Londres.

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