São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Ex-ministro recusa cargo em Nova York

Gandra perdeu pasta no caso Sivam

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Aeronáutica Mauro Gandra -que deixou o cargo em novembro de 95 durante a crise envolvendo o Sivam- recusou convite do presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir o posto de observador militar junto à ONU, em Nova York.
Caso aceitasse o convite, Gandra passaria a ganhar R$ 15 mil mais moradia, carro oficial e passagens aéreas. Atualmente, o ex-ministro recebe R$ 4.000 como brigadeiro da reserva.
Anteontem, FHC enviou uma carta a Gandra dizendo que, ao recusar o posto em Nova York, ele "demonstrou a têmpera do caráter, declinando esse reconhecimento justo, para evitar assemelharem-no a uma compensação".
Na carta, FHC diz que tomou a iniciativa de escrever-lhe após ter "lido recentemente reportagens que trouxeram à tona, na imprensa, comentários maledicentes e inverídicos a respeito da honrada conduta" do brigadeiro.
A saída de Gandra do ministério em 95 foi causada pela divulgação de que ele havia se hospedado em Belo Horizonte na casa de José Afonso Assumpção, então representante da empresa norte-americana Raytheon no Brasil.
Meses antes, a Raytheon havia ganho a "concorrência informal" da Aeronáutica para fornecer equipamentos para o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), orçado em US$ 1,4 bilhão.
Após a divulgação do fato, o brigadeiro se reuniu com FHC e decidiu demitir-se. O presidente não pediu que Gandra permanecesse no cargo, o que foi criticado por militares que apoiavam a conduta do brigadeiro no caso.
Outro acusado de envolvimento, o então chefe do cerimonial do Planalto, Júlio César Gomes dos Santos, foi demitido, mas recentemente foi escolhido representante do Brasil junto a FAO (Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em Roma.

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