São Paulo, sábado, 1 de março de 1997 |
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Brasil é o 3º em homicídios nas Américas
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O documento foi discutido ontem em Washington por Shahid Javed Burki, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, e Robert Ayres, cientista social-chefe desse departamento e autor do trabalho. O principal ponto levantado por ambos é que o simples desenvolvimento econômico não parece ser suficiente para fazer com diminua a ocorrência de crimes. Reformar o sistema penal e fortalecer a capacidade de municípios de combater o crime e a violência têm tanta importância quanto reduzir a pobreza nas áreas urbanas, atingir os "grupos de risco" (em especial homens jovens desempregados) e criar ou reconstruir o chamado "capital social" (sistemas de educação, saúde e previdência). Distribuição Ayres destacou também como fundamental a necessidade de distribuir a riqueza nacional de maneira mais justa como um dos elementos para a efetiva diminuição dos índices de criminalidade e citou o Brasil especificamente como país em que a distribuição de renda é altamente desigual. A violência e o crime são obstáculos para a redução da pobreza e para o crescimento econômico, o que cria um círculo vicioso de causa-efeito de difícil solução. O estudo de Ayres não inclui violência política e terrorismo por não considerá-los como um fenômeno típico das sociedades latino-americanas. O que ele encontra de comum em todas os países com altos índices de criminalidade são: rápido processo de expansão das populações urbanas, grande porcentagem de jovens na população e distribuição desigual da renda. A ocorrência de níveis elevados de consumo e tráfico de drogas está diretamente associada ao aumento do crime e da violência. O Brasil tem um índice de 19,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Há dez anos, essa taxa era de 11,5. A Colômbia, o país mais violento do hemisfério, tem índice de 89,5 homicídios por 100 mil habitantes (20,5 há dez anos) e a Jamaica, a segunda colocada, de 70. Os EUA têm taxa de 10,1 homicídios por 100 mil habitantes. O menor índice nas Américas é do Chile: três homicídios por 100 mil habitantes. A maior parte dos homicídios é de homens jovens que matam outros homens jovens nas ruas e bairros da sua vizinhança. Mas tem aumentado muito o número de assassinatos de mulheres por maridos em suas casas. No México, por exemplo, 57% das mulheres de áreas urbanas se queixaram de algum tipo de violência segundo estudo preparado para o Banco Mundial pela cientista social Jacqueline Pitanguy. Texto Anterior: DP arquiva caso contra médico acusado de dormir em plantão Próximo Texto: Estudante é morto após reagir a assalto; Tentativa de roubo deixa cinco feridos; Desabamento mata 2 pedreiros em SP Índice |
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