São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Polícia indicia mais um por falsificação

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo indiciou na madrugada de ontem a médica Izilda Moreira Martinez sob a acusação de formação de quadrillha (de um a quatro anos de prisão) e falsidade ideológica (de um a cinco anos de prisão).
Izilda é suspeita de fazer parte da quadrilha que falsificava atestados de óbito no caso que ficou conhecido como esquema Heliópolis.
Ela foi citada por seu marido, o médico Herbert Martinez, no depoimento que ele prestou à polícia na última terça-feira. Martinez, que também foi indiciado após confirmar ter assinado mais de 90 atestados falsos, afirmou que sua mulher participou do esquema em pelo menos duas ocasiões.
Além de Izilda, Martinez citou em seu depoimento os médicos João Carlos Zambom e José Cláudio Sartorelli, ambos de São Caetano do Sul (no ABCD).
O esquema de falsificação de atestados veio à tona no último dia 21, quando a polícia informou ter descoberto uma quadrilha que oferecia, mediante pagamento, facilidades na liberação do corpo de pessoas mortas por causas não esclarecidas no Hospital Heliópolis.
O pacote incluía atestado de óbito falsificado, liberação do corpo sem a necessidade de autópsia e caixão, cujo preço era sempre acima do valor de mercado. O esquema favorecia pelo menos três agências funerárias de São Caetano do Sul, que foram lacradas.
Além da falsificação do atestado, a causa da morte era quase sempre a mesma, independente do motivo real. Nos atestados também constava que o paciente havia morrido no PS Municipal de São Caetano.
Fora o Heliópolis, a polícia recebeu denúncia de que a fraude também ocorria nos hospitais do Ipiranga (zona sul), na Beneficência Portuguesa de São Caetano e no PS Municipal de São Caetano. Outros hospitais são investigados.
Surpresa
Izilda Moreira Martinez deveria prestar depoimento às 10h de ontem, mas, segundo a polícia, ela apareceu de surpresa na Delegacia Seccional Sul, que cuida do caso, no final da noite de anteontem.
Durante o depoimento, que durou cerca de duas horas, a médica confirmou que assinou dois atestados de óbito de pacientes que morreram no Heliópolis.
Ela afirmou também que o contato foi feito, por meio de bip, pelo seu marido, que não poderia atender os casos, passados por agências funerárias. Izilda declarou ter recebido R$ 150 por atestado.
Os médicos João Carlos Zambom e José Cláudio Sartorelli não foram localizados ontem. Os dois, mais alguns funcionários do Hospital Heliópolis já citados em depoimentos anteriores, serão ouvidos pela polícia no início da próxima semana.

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