São Paulo, sábado, 1 de março de 1997 |
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Ray Leonard, 40, enfrenta Camacho, 34 Por Jon Saraceno* JON SARACENO
O norte-americano Sugar Ray Leonard, que chegou ao título mundial em cinco categorias diferentes e passou os últimos seis anos longe do boxe, volta hoje à noite ao ringue para enfrentar o porto-riquenho Hector "Macho" Camacho. A luta, no Centro de Convenções de Atlantic City, EUA, vale pelo título da categoria médio (até 72,575 kg) do inexpressivo Conselho Intercontinental de Boxe. A TV Globo anuncia a transmissão ao vivo, a partir da 1h05 da madrugada deste domingo. Pela luta, Leonard recebe cerca de US$ 4 milhões e Camacho, US$ 2 milhões. O cartel de Leonard aponta 39 lutas (duas derrotas e um empate), com 36 vitórias, 25 por nocaute. Camacho, cinco vezes campeão mundial, perdeu três vezes e ganhou 63 lutas (31 por nocaute). "Eu sou um daqueles lutadores que o público pensa: 'Esse cara é diferente -ele vai terminar com dinheiro e sem cérebro'. Concordando com essa opinião, eu cometi uma injustiça comigo mesmo." "Eu me retirei não porque eu queria, mas para desafiar a imprensa e acabar com aquele comentário: 'Ray, você é muito lento, tem de desistir, o garoto é muito pra você, você está acabado.' Eu não estava acabado, chamo isso simplesmente de desistir." A longa carreira de Leonard diminuiu sua autoconfiança natural no ringue. Mas, à mesma medida, diminuiu sua ingenuidade. Ele gosta de controlar. Não aceita a idéia de que alguém o aposentou. Já se passaram seis anos desde que Terry Norris obrigou-o a provar seu próprio sangue, desde então, Leonard tornou-se avô e casou de novo. E a única coisa com a qual se defrontou, desde então, foi com uma bola de golfe, muito menos perigosa que seu rival naquela noite de 9 de fevereiro de 1991. Norris arrancou um dente de Leonard, martelou até abrir uma antiga operação no seu olho, inchou seu lábio e deformou sua testa. Após alguns assaltos, a mãe de Leonard, Getha, abandonou sua cadeira ao lado do ringue. "Tudo o que eu disse para mim mesmo foi: 'Deus, permita que eu termine a luta com o corpo inteiro.", disse Leonard. "Tudo o que eu tinha eram minhas tripas. O garoto sabia disso, e todo o resto do pessoal também." Anos depois, ele atribui a derrota a uma contusão em uma costela e a um divórcio escandaloso, que produziu acusações de consumo de drogas e abusos domésticos. "Circunstâncias", ele explica. Mas, agora, Leonard enfatiza: "Estou em um estado de tranquilidade. Eu sei que eu posso fazer. Eu sei o que eu vou fazer." Sinais da decadência da carreira de Leonard começaram a aparecer no meio dos anos 80. E em suas últimas quatro lutas, "beijou a lona" cinco vezes, na maior parte das vezes contra adversários maiores que ele (Donny Lalonde, Thomas Hearns e Terry Norris). "Você não pode ser o mesmo lutador que era ontem. Você perde um ou dois passos, mas compensa com experiência e força." A derrota para Norris, por pontos, é coisa do passado. Apenas alguns meses atrás ele reviu a luta. Leonard assistiu a fita como preparação para seu duelo contra Camacho. Este será o primeiro desafio de uma grande turnê, de dois ou três anos, que Leonard se propôs para encerrar a carreira. "Eu nem me lembro mais da luta contra Norris", disse.' Agora ele tem um novo treinador (Adrian Davis), um novo responsável pelo condicionamento físico (Billy Blanks) e um "velho" adversário, Camacho. NA TV - Globo, ao vivo *Colaborou a Reportagem Local Texto Anterior: Report tenta lugar na final da Superliga masculina Próximo Texto: CRONOLOGIA Índice |
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