São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Gravadora descarta inéditos de Mamonas

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano após a morte dos cinco rapazes dos Mamonas Assassinas em um acidente aéreo, ainda há material inédito da banda que poderia ser lançado em disco. A maioria do material é formada por apresentações do grupo em programas de rádio e shows ao vivo.
Mas a cúpula da gravadora do grupo, a EMI, descarta a utilização desse material. "Essa possibilidade está definitivamente fora dos planos da gravadora", afirma Alberto Runkel, diretor de marketing nacional da EMI.
Segundo ele, a decisão foi tomada em conjunto pela gravadora, pelos produtores e pela família.
"Nós decidimos não explorar comercialmente o grupo após o fim da banda", diz Runkel.
Arranhão
Uma decisão um tanto curiosa, já que os Mamonas Assassinas são recordistas de vendas com um único disco em toda a história da gravadora.
Ao todo, o único trabalho da banda vendeu 2,275 milhões de cópias. Essa vendagem é 1 milhão de cópias superior a "Quatro Estações", o disco mais vendido do Legião Urbana -outro recordista de vendas da gravadora.
Runkel afirma que a resolução obedeceu a critério éticos. Ele reconhece, entretanto, que a decisão de não usar o material existente também foi política.
Segundo ele, o uso de material inédito dos Mamonas poderia causar prejuízos à EMI a médio e longo prazo.
"A gravadora poderia ficar arranhada institucionalmente perante os artistas", afirma.
O material com melhor qualidade, segundo Runkel, é de participações ao vivo da banda no "Estúdio Transamérica", da rádio Transamérica, e no "Invasão da Cidade", na rádio Cidade.
As gravações pertencem às rádios, mas só podem ser lançadas com a anuência da EMI.
"As rádios se dispõem a fazer negócio, mas não nos interessa", diz Runkel.
"Twist and Shout"
Segundo ele, o repertório dos programas não difere muito do disco. Há uma paródia à la Mamonas de "Twist and Shout", sucesso dos Beatles.
"Mas, por causa do palavreado, dificilmente conseguiríamos uma permissão para formalizar a versão", avalia Runkel.
O material de shows ao vivo não é tão bom, já que as gravações foram pirateadas.
E também existem gravações da fase pré-Mamonas, quando a banda se chamava Utopia. "Algumas pessoas nos ofereceram material. Mas não tinha nada a ver com os Mamonas. Seria um desrespeito à memória dos meninos", diz.
Mamonas em vídeo
O único produto lançado com a chancela da gravadora foi "Mamonas Assassinas - MTV na Estrada", em dezembro.
"Era um material de boa qualidade e que não os apresentava estanques no palco", afirma Runkel.
O vídeo vendeu 8 mil unidades, marca que não chegou a desapontar a gravadora. "Nunca se vendeu muito VHS musical", diz Runkel, acrescentando que a emissora reprisou o programa várias vezes.

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